O ator prestou depoimento após ser preso, na quinta (15). Ele confirmou que era o dono das imagens, disse que as conseguiu na internet e negou ter filmado ou fotografado menores em contexto pornográfico.
Confrontado com as imagens de pornografia infantil apreendidas em seu celular e no seu computador pessoal, o ator José Dumont, de 72 anos, confirmou, em depoimento prestado à polícia, na quinta-feira (15), que elas eram de sua propriedade e faziam parte de um “estudo para a futura realização de um trabalho acerca do tema, sem tabus ou filtros”. O ator disse ainda que conseguiu as imagens na internet e negou já ter fotografado, filmado, produzido ou editado imagens de crianças e adolescentes em contexto pornográfico.
José Dumont também afirmou aos policiais que não participa de grupos virtuais para trocas dessas imagens. O ator disse que jamais comprou ou vendeu material com pornografia infantil e reafirmou, ao fim do depoimento que apenas armazenava as imagens para “consultas e estudos.
Na tarde desta sexta-feira (16), deverá acontecer a audiência de custódia de José Dumont, preso ontem em flagrante por policiais civis da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), pelo crime de armazenamento de imagens de sexo envolvendo crianças. O crime é previsto no Artigo 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Os agentes cumpriam mandado de busca e apreensão na casa do ator, que mora no Catete, na Zona Sul do Rio, quando encontraram diversos vídeos pornográficos de menores no celular e no computador de Dumont. Detido, o artista foi levado para a sede da Dcav, no Centro do Rio, e em seguida transferido para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica. A investigação corre sob sigilo.
A defesa do ator ainda não se pronunciou sobre a prisão. José Dumont foi alvo de investigação em inquérito na Dcav pelo crime de estupro de vulnerável. De acordo com a polícia, ele teria se aproveitado do prestígio e reconhecimento como ator para atrair a atenção de um adolescente de 12 anos, que era fã do suspeito. A denúncia partiu de vizinhos. Segundo a investigação, câmeras de segurança do condomínio onde ele mora flagraram o ator cometendo abusos contra o adolescente, como beijos e carícias.
A investigação aponta ainda que ele desenvolveu um relacionamento próximo com o menino, oferecendo ajuda financeira e presentes, valendo-se da vulnerabilidade financeira da vítima para, a partir daí, fazer investidas com beijos na boca e carícias íntimas, que acabaram sendo captadas por câmeras de vigilância, dando início às investigações.
A polícia informou ainda que, durante as buscas, imagens e vídeos de sexo envolvendo crianças foram encontradas no computador pessoal e no celular do investigado, o que levou à prisão em flagrante. A Justiça também tinha autorizado a quebra de sigilo de dados.
Com mais de 40 de carreira, José Dumont estava escalado para a novela “Todas as flores”, no Globoplay, plataforma de streaming da TV Globo, que tem estreia prevista para outubro. Em nota, a Globo afirmou que o ator foi retirado da trama criada e escrita por João Emanuel Carneiro com direção artística de Carlos Araújo.
“O ator José Dumont estava contratado como obra certa especificamente para a novela “Todas as Flores”, a ser exibida no Globoplay. Diante dos fatos noticiados, a Globo tomou a decisão de retirá-lo da novela. A suspeição de pedofilia é grave. Nenhum comportamento abusivo e criminoso é tolerado pela empresa, ainda que ocorra na vida pessoal dos contratados e de terceiros que com ela tenham qualquer relação.”
O último trabalho do ator na emissora foi em “Nos tempos do imperador” (2021). Na novela, ele interpretava Coronel Eudoro, um fazendeiro viúvo, pai de Pilar (Gabriela Medvedovski) e Dolores (Daphne Bozaski).