Saúde

Morte de crianças expõe precariedade dos guaranis

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Há mais de cem dias na beira da MS-184, um grupo de cerca 700 índios guarani-kaiowá convive com uma estrutura precária. Eles foram expulsos das três fazendas que compõem a terra reivindicada como sendo Nhanderu Marangatu, em Antônio João, no dia 15 de dezembro. Desde então, seis crianças e um adulto morreram em situações decorrentes da condição gerada por um impasse que não tem data para acabar.

São mais de 300 crianças convivendo com saneamento básico inadequado e condições insalubres. Além dos problemas estruturais inerentes ao acampamento, a pressão e falta de perspectiva de reaver a terra – atualmente o processo está tramitando no STF (Supremo Tribunal Federal) – contribuem para o quadro controverso.

“Tudo o que podemos fazer estamos fazendo. A situação é que eles estão fora do território e as condições em que estão vivendo são muito ruins”, observa a coordenadora do comitê gestor de políticas públicas indigenistas da região sul, Rosângela Gonçalves de Carvalho, assessora técnica do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social), que acompanha a região desde a desocupação em dezembro.

“A conclusão que os índios chegaram é que precisam retornar à terra. O que não depende de uma ação efetiva do governo. Estamos ajudando em termos de assistência, não tem mais o que fazer além disso”.

Segundo Rosângela, índios e autoridades locais já participaram de audiências no STF, mas não foi obtida uma resposta definitiva acerca do julgamento da ação. “Tentamos sensibilizar para auxiliar no processo, mas não houve respostas. Foi dado um prazo até abril, mas não é nada certo”

Atualmente uma força-tarefa formada pelo ministério, prefeitura, Funai (Fundação Nacional do Índio) e Funasa (Fundação Nacional de Saúde) promove distribuição de cestas de alimentos (2 por família) e sopão diário. “Mesmo com os esforços, a situação volta e meia se agrava. A própria condição de vida deles acaba dificultando uma melhora”.

Rosângela garante que não está faltando comida aos índios, contudo, reconhece, alguns não têm alimentação adequada. “Faltam nutrientes necessários para resistência no organismo. E as condições do local pioram o quadro. Eles ficam numa baixada que quando chove acumula água. Muitas crianças bebem desta água”, relata.

Apesar de admitir que o clima já esteve mais pesado, Rosângela não descarta a ocorrência de um conflito. “A situação está aparentemente sobre controle. Mas eles também têm limite. Não tem como controlar a intranqüilidade”.

Ações – O chefe do distrito sanitário especial indígena da Funasa, Wanderley Guenka, descarta a possibilidade de morte por desnutrição. Segundo ele, a fundação tem feito um acompanhamento mais intenso da alimentação dos índios. “Estamos com atenção permanente no grupo. Eles têm recebido alimentos e atendimento médico de terça a sexta-feira”, informa.

Ele admite que as condições são inadequadas, mas aponta as ações permanentes da fundação. “Como eles não têm condições de roça e trabalho, distribuímos os alimentos e monitoramos a saúde. A Funasa também ajuda com o fornecimento de água proveniente da Aldeia Campestre”.

Mortes – No dia da desocupação, 15 de dezembro, uma grávida de seis meses teria se acidentado e perdido a criança. Quatro dias depois, Suzana, de 2 anos, morreu no hospital de Antônio João depois de ser internada com febre e diarréia.

Há 10 dias, dois gêmeos faleceram. A mãe entrou em trabalho de parto aos cinco meses e um dos bebês morreu ao nascer. O outro foi levado pela equipe médica da Funasa até o hospital de Dourados, mas também não resistiu. “Estamos tentando descobrir o por quê do parto prematuro já que ela estava sendo acompanhada e estava tudo correndo bem”.

Outro caso foi referente a uma criança de 8 dias. Segundo Guenka, ela seria filha de uma família proveniente de vilarejo da zona rural de Bela Vista. “Eles estavam passando pela aldeia e pediram socorro para o agente de saúde, só que quando a viatura de socorro chegou, a criança já tinha morrido”.

Guenka informa que a família não consta no cadastro da Funai, nem da Funasa. “Não sabemos ainda nem se se trata realmente de uma família indígena, mas a investigação ficará a cargo da Funai”.

A outra criança, de 1 ano e 1 mês, morreu após contrair pneumonia, segundo o chefe do distrito sanitário. “Buscamos o prontuário e descobrimos que ela não estava desnutrida”, garante. A menina passou mal e foi levada para o hospital de Antônio João, onde foi dada a causa mortis.

O adulto morto foi Dorvalino Rocha, 39, na véspera do Natal. Ele foi assassinado pelo segurança João Gimenes, contratado por fazendeiros, que chegou a ser preso, mas responde ao processo em liberdade.

Fonte: Campo Grande News

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