O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu, nesta segunda-feira (26), a escassez de doses da CoronaVac para a segunda aplicação, e, ao contrário da recomendação dada anteriormente pela pasta, pediu que estados e municípios guardem parte dos lotes da vacina.
Queiroga falou numa audiência pública da Comissão Temporária da Covid, no Senado. Logo no início, pediu que estados e municípios evitem aumentar a lista de grupos prioritários, para não atrapalhar o Plano Nacional de Imunização, e reforçou a gravidade da pandemia.
“O número de óbitos no ano de 2021 ele, hoje, supera o número de óbitos que ocorreu no ano de 2020 inteiro, mostrando a gravidade dessa doença e a necessidade de adoção de medidas que sejam eficazes”, disse Queiroga.
Entre as medidas está a vacinação, mas o ministro admitiu dificuldades para garantir as doses para segunda aplicação da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan.
“Outra questão que há em relação à nossa vacinação e que tem nos causado certa preocupação é a CoronaVac, a segunda dose. Tem sido um pedido de governadores, de prefeitos, porque se os senhores lembram, cerca de um mês atrás se liberou as segundas doses para que se aplicassem e agora, em face de retardo de insumo vindo da China para o Butantan, há uma dificuldade com essa segunda dose”, afirmou Queiroga.
Em março, o então ministro Eduardo Pazuello orientou que estados e municípios usassem todo o estoque das vacinas para a primeira dose a fim de acelerar o ritmo da vacinação. No dia 6 de abril, Marcelo Queiroga reforçou essa orientação.
Nesta segunda-feira (26), no Senado, o ministro explicou por que agora a orientação é guardar parte do estoque para a segunda aplicação. Segundo o ministro, é pelo atraso na chegada de insumos da China para a vacina CoronaVac.
“Como esta semana não temos previsão de chegada de vacina do Butantan, só daqui a cerca de 10 dias, nós vamos emitir uma nota técnica a cerca desse tema. Inclusive na minha cidade, de João Pessoa, se judicializou e se foi entregue essas doses de CoronaVac por judicialização, só que se todos judicializarem, não tem dose pra todo mundo”, explicou.
Antes mesmo de o ministério mudar a orientação, algumas unidades da federação já estavam guardando doses, como o Distrito Federal. Em outras capitais, a vacinação teve que ser suspensa por falta de imunizantes do Butantan, como Natal, Maceió e Campo Grande.
O intervalo para a aplicação da segunda dose da CoronaVac é de 14 a 28 dias.
Com essa mudança de orientação, fica a dúvida: o que acontece com quem já tomou a primeira dose se a segunda dose chegar depois do intervalo? Segundo o Ministério da Saúde, isso não invalida o efeito da vacina, e a orientação é tomar a segunda dose assim que uma nova remessa chegar.
Na audiência no Senado, Queiroga também disse que o ministério está recebendo doações de remédios do chamado kit intubação de empresas e de países, como Portugal, Espanha e Estados Unidos.
O ministro afirmou ainda que está negociando com a Opas, a Organização Pan-Americana da Saúde, e que abriu um pregão nacional e internacional para receber mais insumos do kit.
No Senado, o ministro reforçou ainda que, diante do momento que vivemos na pandemia, é fundamental que todos usem máscaras e mantenham o distanciamento social.
“Nós sabemos que o uso de máscaras tem um efeito, se a sociedade aderisse a essa medida de maneira mais homogênea, de quase uma vacinação da nossa população. Por isso, de maneira reiterada, nós fazemos esse apelo”, afirmou.
O Instituto Butantan afirmou que o Ministério da Saúde é responsável por planejar e coordenar a campanha de vacinação, incluindo a distribuição das vacinas, a definição dos grupos prioritários e os intervalos entre as doses.
O Butantan disse ainda que já entregou cerca de 41 milhões de doses da CoronaVac ao Programa Nacional de Imunização, e que um novo lote com mais cinco milhões será entregue a partir da semana que vem.