Uma tendência preocupante está transformando o cenário da saúde cardiovascular: o aumento dos casos de infarto em mulheres jovens. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) mostram que, entre 1990 e 2019, o Brasil registrou um aumento de aproximadamente 62% nas mortes por infarto entre mulheres de 15 a 49 anos.
Tradicionalmente associado a homens mais velhos, o infarto está se tornando uma ameaça para essa faixa etária feminina, impulsionado por uma combinação de fatores de risco relacionados ao estilo de vida e condições de saúde específicas.
Segundo a Dra. Nanci Utida, diretora associada de assuntos médicos da Organon, o aumento do infarto em mulheres jovens é causado por diversos fatores. Os principais incluem sedentarismo, obesidade, hipertensão, dislipidemia, tabagismo, diabetes, estresse crônico e alterações hormonais, como menopausa precoce e uso de contraceptivos orais.
A predisposição genética e condições como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional também aumentam o risco cardiovascular, enquanto hábitos de vida, como dietas inadequadas e estresse elevado, agravam ainda mais a situação.
“As mulheres jovens frequentemente apresentam sintomas de infarto menos típicos, como fadiga extrema, desconforto no pescoço, mandíbula ou costas, e falta de ar. Isso pode levar a diagnósticos tardios e agravar o prognóstico, pois esses sintomas são facilmente confundidos com outras condições de saúde”, explica a médica.
Uma das questões que merece atenção é o uso de contraceptivos orais hormonais, especialmente aqueles que contêm estrogênio, pois estão associados a um risco aumentado de eventos trombóticos, como trombose venosa profunda e embolia pulmonar. “Embora o risco absoluto seja baixo em mulheres jovens e saudáveis, ele aumenta consideravelmente em fumantes ou em quem já possui outros fatores de risco, como hipertensão e obesidade”, afirma a Dra. Nanci.
Para reduzir o risco, é fundamental adotar um estilo de vida saudável, incluindo dieta equilibrada, prática regular de atividades físicas e controle do estresse. Exames periódicos para monitorar a pressão arterial, níveis de glicose e colesterol são essenciais.
“Precisamos aumentar a conscientização de que doenças cardíacas são uma das principais causas de morte entre as mulheres, incluindo as jovens”, ressalta Dra. Nanci. “Desafiar a ideia equivocada de que essas doenças afetam apenas os homens pode salvar vidas. Incentivar as mulheres a reconhecerem os sinais atípicos do infarto e a buscarem atendimento médico rapidamente é fundamental”, conclui.
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