Saúde

[ESPECIAL] Motorista de ambulância, profissão perigo

Um misto de angústia e senso de responsabilidade faz parte do dia-a-dia desses profissionais

Motoristas de ambulâncias são profissionais que se diferenciam dos seus pares, os motoristas em geral, graças às peculiaridades de suas atividades. Uma categoria que costuma passar 24 horas, pois muitas vezes também trabalham em regime de plantão, envolvidos com a responsabilidade de conduzir pessoas doentes.

Algumas vezes apenas uma remoção para realização de exames, outras vezes situações em que um quilômetro ou mesmo um minuto podem fazer a diferença entre a vida e a morte. A maioria costuma arriscar suas vidas nas estradas, graças á angústia e senso de responsabilidade que são inerentes à profissão.

A rotina – É dura a rotina de um condutor de ambulância, que muitas vezes não tem horário de folga e enfrenta com muita coragem as adversidades climáticas e os congestionamentos. Sem contar com a falta de estrutura que muitas vezes eles encontram nos locais de atendimento aos pacientes. José Ângelo é motorista de ambulância em um hospital público de emergência há mais de 12 anos. Ele lembra que o que faz a diferença é “mais o local onde você trabalha, porque se você está em um hospital particular, com tudo organizado e que não atende emergência, a rotina é mais tranqüila”.

Kleber Magno, 43 anos, motorista de profissão há 19 anos, também concorda. Ele trabalha em uma maternidade e diz que o seu trabalho, se comparado com alguns colegas que trabalham em emergência, é bem mais tranqüilo. Ele está envolvido nesse mundo de mães e bebês há cerca de 8 anos, e diz que ainda se emociona cada vez que acompanha um processo de parto.

Kleber tem muitas histórias para contar. De quando teve que conduzir a ambulância bem devagar, para evitar que uma jovem mãe sangrasse até chegar ao local do exame, que iria identificar os sinais e as causas do princípio de aborto; o transporte de bebês para unidades de tratamento mais avançados, correndo risco de morte, a vida por um fio; ao transporte de mulheres sorridentes, felizes com os seus bebês aninhados no braço. Ele completa sua narrativa, dizendo: “A gente está levando uma vida, não é fácil não”.

Alguns motoristas, principalmente os condutores de ambulâncias que vêm de outros municípios paraibanos, conduzindo pacientes para os hospitais de João Pessoa, se queixam da falta de estrutura que encontram a cada viagem. Normalmente, os hospitais não oferecem infra-estrutura necessária, como estacionamento, ou um local próprio para que eles façam suas refeições, sua higiene pessoal e descansem antes de retornar a suas cidades.

“Alguns motoristas já perderam a vida em acidentes com a ambulância, como conta Aparecido Gomes, 62 anos, que perdeu um colega em um acidente ocorrido durante a madrugada. Mas nem tudo é tristeza, como lembra Fernando Ribeiro Neto, 35 anos, ao lembrar o dia em que conduzia uma mulher em trabalho de parto. O marido à acompanhava e o bebê, apressado, resolveu adiantar o seu nascimento, resolveu vir ao mundo ali mesmo na ambulância, no trajeto de casa para o hospital. A ambulância vinha de Bayeux para João Pessoa. O pai da criança, que acompanhava a esposa e a mãe da criança, de tão nervoso acabou desmaiando e dando mais trabalho à equipe do que a dupla, a mãe e o bebê.

A nova Legislação – Segundo informa o Departamento de Trânsito (DETRAN) da Paraíba, desde julho do ano passado, segundo a Resolução nº 168 do CONTRAM / DENATRAN, o condutor de ambulância que for renovar sua Carteira de Habilitação deverá ter que apresentar certificado de conclusão de um Curso específico para essa atividade. Com uma jornada de 50 horas/aula, eles deverão ser realizados pelo SESI/SENAI.

A maioria dos motoristas que conversaram com a reportagem do Clickpb desconhecia essa mudança na legislação, e se mostraram surpresos. Mas a maioria também afirmou achar correto, pois acreditam que com a responsabilidade da profissão que exercem, quanto mais informação, melhor a atividade será exercida e, portanto, maior será a segurança.

Alguns deles, inclusive, informaram que é comum algumas instituições realizarem treinamentos e cursos rápidos de reciclagem, com noções de primeiros socorros e atendimentos de emergência.


Lilla Ferreira
Clickpb

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