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Coito interrompido pode ajudar a prevenir gravidez

O uso do coito interrompido como método anticoncepcional tem índices de falha semelhantes aos do preservativo masculino

Coito interrompido pode ajudar a prevenir gravidez

O uso do coito interrompido como método anticoncepcional tem índices de falha semelhantes aos do preservativo masculino, aponta um estudo conduzido por Rachel K. Jones, do Instituto Guttmacher, organização não governamental americana voltada à saúde reprodutiva. Ainda assim, a pesquisa indica que poucas pessoas reconhecem a prática de retirar o pênis antes da ejaculação como uma medida efetiva para se reduzir a chance de gravidez.

Segundo o estudo, mesmo que 21% das pesquisadas adotem o coito interrompido, poucas o mencionam quando perguntadas sobre quais métodos contraceptivos usam. As chances de erro do coito interrompido em seu uso típico – isto é, na maneira com que as pessoas costumam utilizar, sem prestar muita atenção ao momento correto da interrupção do ato – seriam de 18%, muito próximas ao índice de 17% da camisinha.

Dificuldade prática
Para o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli, de São Paulo, no entanto, a experiência clínica mostra que, na prática, o índice de ineficácia do método é superior. Isso se dá exatamente porque os homens têm muita dificuldade em saber o instante em que devem retirar o pênis. Eles costumam o fazer quando sentem que vão ejacular.

Mas antes do orgasmo é liberado um líquido lubrificante que contém espermatozoides. Embora em menor número que no sêmen, essa presença pode levar à gravidez. “Como obstetra, já peguei inúmeros casos em que o homem ejaculou fora e a mulher engravidou. Na prática, a gente vê que o líquido pré-seminal engravida.”

A dificuldade em precisar o tempo certo de retirada é um dos principais motivos pelos quais os ginecologistas não costumam recomendar o método. Além disso, ele não protege contra as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

Domingos concorda que ele seja adotado por casais que não possam utilizar outro método, como a pílula ¿ que tem um índice de falha de 6 a 8% em seu uso típico, ou de 0,1% de seu uso ideal. ¿Deve ser feito com orientação de um ginecologista, por um casal com uma vida sexual estável em que ambos tenham certeza de que não têm DSTs. Em outras palavras, não é o melhor dos métodos contraceptivos¿, afirma o ginecologista.

A pesquisadora acredita, no entanto, que o coito interrompido deve ser mais divulgado por ser uma medida acessível a todos, em qualquer momento. “Encorajar homens e mulheres sexualmente ativos a reduzir o risco de gravidez por um número diferente de mecanismos pode ser uma abordagem bem mais realista e efetiva do que insistir no uso correto e consistente de camisinha”, diz o estudo.

Uso combinado
Outro dado levantado pela pesquisa é que a maioria dos casais que usa o coito interrompido o faz em conjunto com outro método. Trinta e um por cento das mulheres indicaram usar concomitantemente a camisinha e 19% também usavam algum método de controle hormonal.

“Aí, sim, temos praticamente 100% de barreira”, afirma Domingos. Porém, segundo o ginecologista, associar o coito interrompido a esses outros métodos pode ser um excesso de precaução do casal. “Ele pode usar só o preservativo e, em caso de rompimento, existe a pílula do dia seguinte como contraceptivo de emergência. Não há necessidade do coito interrompido”, acredita.

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