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Cannabis medicinal: 1º extrato completo fabricado no Brasil chega às farmácias

A cannabis é uma planta nativa do centro e do sul da Ásia e é chamada popularmente de maconha.

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Imagem ilustrativa (Foto: reprodução)

A partir deste mês, pacientes de todo o Brasil poderão ter acesso ao primeiro extrato completo de Cannabis sativa para fins medicinais fabricado no Brasil. O produto, popularmente conhecido como “full spectrum” ou “fitocomplexo”, é composto tanto por canabidiol (CBD) quanto por tetra-hidrocarbinol (THC), além de outros canabinoides, como canabigerol (CBG) e canabinol (CBN).

A cannabis medicinal é um produto obtido pela extração dos canabinoides, substâncias presentes na Cannabis sativa, que agem em vários lugares do corpo, incluindo o cérebro. Além do full spectrum, existem outros dois tipos de produtos à base de cannabis medicinal: o CBD isolado (que só possui canabidiol em sua composição) e o broad spectrum (que possui outros canabinoides, exceto THC).

Nas farmácias brasileiras, já são encontrados o CBD isolado e o full spectrum, mas essa é a primeira vez que um medicamento com o extrato completo é fabricado no Brasil. O medicamento, produzido pela Ease Labs, pode ser utilizado para o tratamento da fibromialgia, de sintomas relacionados a demências como Alzheimer e Parkinson, além de dor crônica. O extrato contém 25 mg/mL de CBD e menos de 0,2% de THC e foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Estamos orgulhosos de introduzir o primeiro produto desta categoria fabricado localmente e aprovado pela Anvisa, oferecendo uma alternativa acessível e de alta qualidade a milhares de pessoas,” declara Gustavo Palhares, CEO e cofundador da Ease Labs. Este é o segundo produto da farmacêutica produzido no Brasil. O primeiro foi o CBD isolado, também disponível nas drogarias nacionais e disponibilizado gratuitamente pela rede pública de São Paulo.

CBD e THC: quais são as diferenças e benefícios oferecidos para a saúde?

A cannabis é uma planta nativa do centro e do sul da Ásia e é chamada popularmente de maconha. Existem três espécies de planta do gênero cannabis: a sativa, a indica e a ruderalis, sendo as duas primeiras as mais estudadas e conhecidas. Ao todo, já foram identificados cerca de 120 canabinoides na Cannabis sativa, mas os mais amplamente estudados são o CBD e THC.

  • CBD: é responsável pelo efeito relaxante e, por isso, é muito utilizado na medicina e na farmacêutica como analgésico, sedativo e anticonvulsivo;
  • THC: está associado ao efeito de “euforia” da cannabis e também pode ser utilizado de forma terapêutica, como antidepressivo, estimulante de apetite e anticonvulsivo.

“A principal diferença entre eles é o efeito euforizante: o THC é conhecido pela euforia consequente do uso recreativo da cannabis, enquanto o CBD não tem efeito euforizante”, explica Juliana Bogado, médica especialista em canabinoides e coordenadora acadêmica da EndoPure Academy, plataforma de educação para profissionais de saúde, em matéria publicada anteriormente na CNN.

“Além disso, o CBD tem uma característica ansiolítica, enquanto o THC é ansiogênico; o CBD pode inibir o apetite, podendo ser usado no tratamento da obesidade, enquanto o THC tem efeito de aumentar o apetite, podendo ser utilizado em pacientes com transtornos como anorexia”, acrescenta.

No Brasil, a importação de produtos derivados de cannabis para fins terapêuticos foi aprovada em 2015 pela Anvisa. No mesmo ano, a agência removeu o THC da lista de substâncias proibidas. Em 2019, a agência regulamentou a venda de produtos derivados de cannabis nas farmácias, a partir de receita preenchida e assinada pelo médico.

Em 2020, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu as propriedades terapêuticas da cannabis e a retirou da lista de substâncias perigosas. Diversas pesquisas clínicas atestam a eficácia da planta para o tratamento de doenças como esclerose múltipla, epilepsia, Parkinson, esquizofrenia, Alzheimer e dores crônicas.

Em 2023, os medicamentos a base da planta passaram a ser distribuídos de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado de São Paulo. Outras 24 unidades federativas possuem leis em vigor ou em tramitação para garantir o fornecimento do composto pelo SUS.

Produção nacional pode tornar o medicamento mais acessível
A produção nacional do extrato completo de cannabis medicinal torna o produto mais barato e acessível para os pacientes que necessitam do tratamento, na visão de Palhares.

“O fato de fazer esses processamentos farmacêuticos localmente, além de reduzir o custo do medicamento, isso fortalece a cadeia de suprimentos e faz com que você tenha uma estrutura que permite o crescimento de vendas e que sustente a distribuição com capilaridade”, afirma o empresário. “Então, vimos que é essencial operar nesse modelo nacional e decidimos trazer nossa fabricação aqui para o Brasil”, acrescenta.

Para isso, a Ease Labs realiza todos os processos permitidos pela Anvisa que sejam feitos no Brasil, como a purificação e padronização do insumo e a formulação do produto final. Já os processos que não são permitidos no Brasil, como o cultivo, são realizados por uma empresa pertencente à Ease Labs, localizada na Colômbia, chamada Semeya.

“Esse processo faz com que a gente tenha um custo menor do que produtos fabricados nos Estados Unidos ou na Europa. Ao trazer os processos de fabricação no Brasil, mesmo não tendo o cultivo local, o custo de produção é reduzido e é possível impactar mais pessoas”, diz Palhares.

Segundo comunicado enviado à imprensa, a farmacêutica iniciou a distribuição dos seus produtos com CBD em 2023 na DrogaRaia e, atualmente, está presente nas principais redes de farmácia do País como Drogarias Pacheco, Drogaria São Paulo, Drogasil, Panvel, Pague Menos, Araújo, Indiana, ExtraFarma e São João.

Além da rede privada, a Ease Labs é a fornecedora do CBD distribuído pela rede pública no Estado de São Paulo, após processo de licitação. Já o extrato “full spectrum” está disponível somente na rede privada, até o momento.

Por CNN Brasil

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