Em comemoração à semana do autismo, vêm sendo realizadas várias atividades, para chamar a atenção da sociedade para o tema — Foto:Reprodução/Facebook
Os autistas enfrentam não apenas os desafios diários de sua condição, mas o preconceito pelo desconhecimento das pessoas, a falta de apoio do poder público e a falta de capacitação dos profissionais que trabalham com o atendimento aos autistas. A diretora da Associação de pais, amigos e simpatizantes do autista da Paraíba (Asas-PB), Sara Farias, revela as dificuldades e alerta para a necessidade de se fazer a intervenção precoce e oferecer terapia o mais cedo possível às crianças autistas para que elas tenham qualidade de vida.
“O país da gente ainda é muito cheio de preconceitos. O autista é uma pessoa como outra qualquer. Mas ele precisa ser trabalhado para que ele comece a viver como os outros em sociedade. Se você não oferecer nenhum tipo de tratamento, ele vai acabar o resto da vida dele enjaulado, porque ele vira um ‘bicho do mato'”, explicou Sara.
Segundo ela, os sintomas se manifestam cedo nas crianças. “Se por acaso você tem um filho de um ano e cinco meses, você notou que ele não está falando, notou que chama pelo nome dele e ele não atende, isso já é um sinal de alerta”, orientou. Quando os pais procuram o médico cedo e a criança entra cedo no tratamento, a evolução dela é muito grande. “Com um ano e cinco meses você já percebe muita diferença na criança normal e na criança com autismo, porque é nessa idade que os sintomas são muito fortes”, afirmou.
De acordo com a Associação de pais, amigos e simpatizantes do autista da Paraíba (Asas-PB), os órgãos públicos que trabalham com o autismo, como Funad e o Centro de Inclusão da Prefeitura de João Pessoa, Helena Holanda, entre outros, não têm profissionais capacitados para trabalhar diretamente com o autista. “Porque como esses locais englobam um número muito grande de deficientes, geralmente o que é pra um é pra todos. A gente montou a associação porque a gente sentiu essa dificuldade. A gente queria que as crianças usassem esses métodos que têm comprovação científica e que funcionam com o autista. É desenvolvido para o autista”, disse Sara.
Atividades
Nesta segunda-feira (03), acontece às 17h uma exposição de fotos no Lagoa Parque, no Centro de João Pessoa, e nesta terça-feira (04), à noite, haverá exposição no Mangabeira Shopping, com a participação de pais e mães de crianças autistas, além dos profissionais que trabalham com as crianças. Em comemoração à semana do autismo, vêm sendo realizadas várias atividades, para chamar a atenção da sociedade para o tema.
A associação trabalha com atividades de vida diária, ensinando, por exemplo, as crianças a serem mais independentes, para que aprendam a tomar banho, comer, vestir-se. “Porque a pessoa com autismo precisa que você ensine ela. Ela aprende, mas ela precisa que você ensine”, explicou Sara. Além disso, a associação também trabalha o treino de rua, ensinando a atravessar a rua, olhar o semáforo e toda a vivência fora de casa.
O grupo também trabalha com as crianças a questão psicopedagógica, reforçando todo o conteúdo trabalhado dentro da escola regular, com a ajuda de pedagogos e pedagogas. O aprendizado dentro da Asas, segundo a diretora, é mais fácil na associação porque é um professor para um aluno, diferente da escola, em que são vários alunos para um professor. “Nós trabalhamos toda essa parte e trabalhamos também o método chamado ABA, que é um método em que você vai trabalhar o comportamento da criança, como sentar, saber esperar – porque quando ele quer uma coisa, quer para agora. Então, a gente ensina ele a ser tolerante, porque o mundo não é agora”, explicou Sara.
A Asas funciona com profissionais contratados e é mantida em sua maioria pela sociedade civil, através de doações, realização de eventos como bazar, chá beneficente, feijoada, entre outras atividades. Se as doações não forem suficientes, entra a ajuda dos pais das crianças. “A gente trabalha em cima dessas doações. Quando a gente não consegue, a gente pega o valor que faltou e rateia entre os pais”, disse.
ASAS-PB
O que é:
É uma entidade sem fins lucrativos, que nasceu em 05 de outubro de 2009, de um grupo de pais de autistas em busca de atendimento gratuito educacional, terapêutico, clínico e assistencial às pessoas portadoras de autismo.
Serviço:
@ASASPB
Endereço: Av. Vasco da Gama, 1035 – Jaguaribe
João Pessoa
Telefone: (83) 98850-5023