A Polícia Federal filmou a entrega de R$ 25 mil em propina ao prefeito de Uiraúna, João Bosco Nonato Fernandes (PSDB), para posterior repasse ao deputado federal afastado Wilson Santiago (PTB/PB), em um quarto de hotel, em Sousa, Sertão paraibano.
A ação da polícia, realizada no dia 22 de outubro do ano passado, culminou na Operação Pés de Barro, que prendeu o prefeito de Uiraúna e afastou o deputado Wilson Santiago do mandato.
A operação, que foi destaque no Fantástico do último domingo (12), também virou notícia no Estadão nesta terça-feira (14).
Segundo as investigações, entre outubro de 2018 e novembro de 2019, a empresa Coenco Construções, responsável pela construção da Adutora Capivara, pagou R$ 1,2 milhão em propinas a Wilson Santiago e R$ 633 mil ao prefeito.
No vídeo feito pela PF, João Bosco cobra do empresário George Ramalho, da Coenco, R$ 200 mil que estariam faltando dos valores acertados, mas George explica que estaria com R$ 25 mil que deveriam ser entregues a Evani Ramalho, secretária parlamentar de Santiago.
No áudio, o prefeito e o empresário conversam sobre a necessidade de uma ‘reunião técnica’ em Brasília, e dizem que ‘tem que botar Wilson no meio também’, pois seria ‘responsabilidade dele’.
Bosco concorda em levar os R$ 25 mil e pergunta para quem é o dinheiro. George responde que seria para Wilson. Bosco então retira o dinheiro da sacola e coloca o montante nas ‘roupas de baixo’ dizendo: ‘na cueca, camisa é curta’.
A PF registra ainda que, no dia seguinte à entrega, o motorista do prefeito de Uiraúna, Severino Batista do Nascimento Neto, informou o empresário George Ramalho, via Whatsapp, que o motorista de Wilson Santiago ‘foi pegar o dinheiro em sua casa’.
Nota do advogado de Wilson Santiago
“Trata-se de um delator que ganhou notoriedade na Paraíba por delatar terceiros para não ser preso. Em nenhum momento o delator apresentou provas de que o Deputado Wilson Santiago teria recebido dinheiro ilícito. Tampouco a Polícia Federal apresentou provas que incriminasse o deputado. A ação controlada, as intercepções telefônicas, telemáticas e ambientais não dizem nada a respeito do deputado, somente ilações e conjecturas. Em momento processual oportuno, a defesa apresentará também as suas provas restabelecendo a verdade real dos fatos”.
Luis Henrique Machado
Advogado do Dep. Wilson Santiago