Principal cacique político no Ceará, o senador tucano Tasso Jereissati deu ontem sinais claros de rompimento com um de seus principais afilhados políticos no Estado, o governador Lúcio Alcântara (PSDB). “Olha a história de um e olha a do outro e veja quem é que pode ter duas caras”, disse a militantes e à imprensa, na sede do partido, sem citar nomes, mas em clara referência a Lúcio.
Como o próprio Tasso disse, Lúcio “ainda” é o candidato natural do PSDB à sucessão estadual, mas a probabilidade de sua candidatura se confirmar sem o apoio da principal liderança tucana no Estado é quase nula.
O rompimento aconteceu depois de uma reunião entre Tasso, Lúcio e Ciro Gomes (PSB) em Brasília, na quinta-feira da semana passada. O tema da reunião era a disputa no Ceará.
Logo após a reunião, porém, chegou à imprensa a informação de que Ciro e Tasso haviam sugerido a Lúcio renunciar ao mandato para concorrer a uma vaga ao Senado, para viabilizar a manutenção da aliança entre os dois grupos no Estado. O irmão de Ciro, Cid Gomes (PSB), ficaria com a cabeça da chapa.
O primeiro a reagir às informações divulgadas foi Ciro, que atribuiu a Lúcio a divulgação de tal “versão fraudulenta”.
Tasso então decidiu falar. “Fui surpreendido pelos jornais com uma versão divulgada de maneira falsamente deliberada, deturpada de forma proposital, de uma determinada fonte”, disse. “Todos os que me conhecem sabem que tenho muitos defeitos, mas um eu não tenho, não tenho duas caras, tenho uma só.”
Segundo Tasso, ainda antes do início da reunião de quinta, chegaram boatos de que um assessor do governador, em Fortaleza, estava divulgando a outros políticos que os três tratariam mesmo do apoio a Cid, abandonando Lúcio.
Na ocasião, ao ser questionado pelo próprio senador sobre essa informação, Lúcio negou, disse que não sabia de nada. No dia seguinte, porém, essa mesma versão saiu estampada como manchete dos dois principais jornais do Ceará. Para Tasso e Ciro, a divulgação foi feita sob ordem do governador.
Lúcio foi procurador ontem, mas sua assessoria disse que ele não falaria sobre o assunto. O governador não renunciou ao mandato e já disse que só será candidato se for à reeleição. Caso contrário, ficará sem mandato.
Tasso admitiu que, em conversa anterior com Ciro, os dois chegaram a cogitar o apoio a Cid para manter a aliança de 20 anos. “Mas foi uma hipótese levantada entre tantas outras, assim como a do meu nome e a de outros do partido”, disse. Ele negou ser candidato. “Minha vez já passou. Defendo novos valores.”
Fonte: Folha Online
Tasso dá sinais de rompimento com Lúcio Alcântara
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