Entrevista exclusiva

Rômulo aceita disputar PMCG e dispara: “Vai chegar a hora de atacar”

Com as malas prontas rumo à Capital federal, o deputado federal eleito e presidente da Assembléia Legislativa da Paraíba, Rômulo Gouveia (PSDB), inicia o desafi

Exclusivo – Com as malas prontas rumo à Capital federal, o deputado federal eleito e presidente da Assembléia Legislativa da Paraíba, Rômulo Gouveia (PSDB), inicia o desafio de se destacar entre 513 parlamentares no Congresso Nacional com uma meta na cabeça: consolidar o projeto de voltar a disputar a prefeitura de Campina Grande nas eleições de 2008.

Em entrevista exclusiva ao Portal Clickpb, concedida em seu apartamento no Bessa, na Capital, Rômulo disse que não vai repetir o erro de 2004 quando passou todo o tempo dizendo que não seria candidato. “Não vou cometer mais esse erro. Se o partido me convocar, eu aceito”, disse o deputado, que quer uma antecipação do debate para o início de 2007.

Segundo Rômulo, o caminho mais correto é de avaliar os compromissos de campanha do prefeito Veneziano Vital do Rego com as efetivas ações de sua gestão. Mas acha que ainda é cedo para ´atacar´. “Numa guerra, quem usa as armas primeiro, fica sem munição”, disparou em entrevista ao jornalista Luís Tôrres, editor do Clickpb.

O certo agora, declarou o deputado, é definir a estratégia de ação e, quem sabe, o nome do possível candidato, a fim de que o grupo possa ir trabalhando desde já uma candidatura.

Apesar disso, o presidente da Assembléia, garante que não vai deixar que o embate político-eleitoral comprometa suas ações em favor de Campina Grande. Ele anunciou que já procurou o deputado Vital do Rego Filho e o prefeito Veneziano para se colocar à disposição em qualquer pleito em favor da cidade.

Na entrevista, ele destaca os avanços administrativos e legislativos da Assembléia e admite a fragilidade das CPIs. Confira.

Leia entrevista na íntegra

Presidente, o senhor conclui em 2006 um mandato de quatro anos à frente da presidência da Assembléia Legislativa. O primeiro e, com o fim da reeleição, talvez único nos próximos quatro anos. Que experiência o senhor leva dessa gestão?

Primeiro lugar, a sensação da missão cumprida. É um desafio muito grande desde o instante que fui eleito e reeleito por unanimidade e, dentro desse contexto, a responsabilidade muito grande porque quando você recebe a confiança de todos, você tem que corresponder. E conseguir chegar a quatro anos e sair com o reconhecimento, respeitado por todos, e com ações que realizamos, é extremamente gratificante. Só tenho que agradecer a Deus e aos servidores da Assembléia do mais humilde ao mais graduado, a todos os deputados, e ao próprio governador Cássio que sempre manteve a harmonia e a sintonia e o respeito ao Poder Legislativo. A nossa prioridade foi aproximar a sociedade do Poder Legislativo, com a realização das assembléia itinerantes, o parlamento mirim, a instalação da TV Assembléia, enfim, todo um conjunto que me deixa com sentimento de missão cumprida.

Além dessas inovações, presidente, percebemos uma tentativa nesses quatro anos de avanço do ponto vista ético na Assembléia, com a redução do recesso e a tentativa de pôr fim ao nepotismo. Mas existem ainda outros pontos para Assembléia avançar?

Do ponto de vista administrativo, nós procuramos modernizar o Poder Legislativo. E aí a vantagem da reeleição: consolidar nos quatro anos obras e ações que seriam impossíveis em apenas dois anos. Destaco a reforma do edifício sede da Assembléia, desde da calçada aos gabinetes dos deputados. Mexemos nas instalações elétricas, hidráulicas, edificamos o Anexo V para acomodar o arquivo, a Ouvidoria, um local para atendimento bancário, com setor de segurança e transporte. A construção de nova praça de alimentação, a aquisição de ambulância para setor de Saúde, renovação do imobiliário da Assembléia, consolidamos a informatização com aquisição de 200 computadores e impressoras, além da valorização dos servidores e muito mais. Mas não adianta a Casa funcionar bem administrativamente sem funcionar bem no campo legislativo. Nesses últimos quatro anos chegamos ao final do ano com a pauta em dia, ou seja, até o dia 20 de dezembro. A Assembléia da Paraíba foi uma das únicas do País que em nenhum instante convocou sessão extraordinária por extrapolar o prazo regimental, enquanto o Congresso Nacional e outras assembléias não conseguiam encerrar até o dia 20 e nós encerrávamos antes. Todos os projetos tramitaram pelas comissões dentro dos prazos regimentais. Nenhum projeto do Executivo foi votado a toque de caixa, apesar da bancada governista ter a maioria esmagadora, 26 dos 36 deputados. Mas nem por isso houve rolo compressor. O número de requerimentos, de projetos de lei, de CPIs, de sessões especiais e discussões dos temas da sociedade, nós vamos ter um empenho legislativo muito bom.

O próximo presidente da Assembléia entra com terreno favorável para realização de concurso público?

Acho que sim. O próximo presidente tem vários desafios. Um deles é manter o desempenho legislativo. Se vem numa linha crescente tem continuar melhorando. Don ponto de vista administrativo, estou deixando o projeto do próximo plenário, mantendo a simetria do prédio, já temos estudo de cálculo da Atecel que comporta. Se ele puder realizar para em termos de otimização a Assembléia vai ganhar muito em espaço.

O senhor falou em bom desempenho legislativo. Mas a Assembléia instalou neste mandato algumas CPIs que morreram por inanição, como é o caso da CPI da Pesca e do Sistema Correio, além de ter concluído a CPI da Barragem de Camará sem muitos efeitos na prática. A Assembléia não falhou nesse papel?

Não temos estrutura para fiscalizar profundamente números do próprio Executivo. As CPIs têm fragilidade muitas vezes. Primeiro porque, muitas vezes, são apresentadas mais do ponto de vista do embate político. E outras quando apurados os dados são repassados para o Ministério Público e Poder Judiciário. Mas o desgaste das CPIs não é apenas da Assembléia Legislativa da Paraíba. É do Poder Legislativo como um todo, que ao meu ver ainda não consolidou esse processo de CPIs. Infelizmente, é um ponto frágil que as assembléias possuem.

O senhor sai de um mandato de quatro anos como presidente de uma assembléia legislativa para dividir o espaço com 513 deputados federais em Brasília. Como é que o senhor está encarando esse desafio e que postura pretende tomar para se destacar no Congresso?

É um desafio. Espero não ser mais um entre os 512 que estarão tomando posse comigo. Chego numa bancada de 65 deputados, que é a do PSDB. Eu vejo a necessidade de tentar procurar espaços, aprender. É uma Casa onde você tem de 30 a 40% de deputados experientes, que já vêm de outras legislaturas, uma Casa de vários ex-ministros, de vários ex-governadores, de vários ex-senadores. Você tem um Ciro Gomes, ex-ministro e presidenciável, um Palocci, que comandou a política econômica do País, um Paulo Renato, ex-ministro da educação, enfim, um leque de notáveis. Chego lá com vontade imensa, levando a experiência de vereador, presidente de Câmara Municipal, deputado, presidente da Assembléia Legislativa, de tentar ocupar espaços, mas principalmente de defender os interesses do meu país e da Paraíba.

O senhor acredita na possibilidade de uma união entre a bancada federal paraibana, independente das posições políticas locais. Vai dar para juntar Vital com Rômulo?

Vai dar sim para juntar Vital com Rômulo, porque acho que os interesses do Estado estão acima das questões locais. Por exemplo, os interesses de Campina já comuniquei ao deputado Vital e ao prefeito Veneziano que estarei defendendo. Eu não posso prejudicar a cidade porque o prefeito constitucionalmente eleito foi o meu concorrente nas eleições. Não tenho inimigo político. Disputamos no campo eleitoral, mas não temos nada contra. Estados que consolidaram suas economias, que cresceram, só o fizeram porque os embates locais nunca no campo nacional conseguiram comprometer. Exemplos como Pernambuco, Bahia e Ceará. Por que não a Paraíba ter esta mesma postura? Eu vou ter a facilidade e convocar a bancada para discussões conjuntas porque fui deputado com boa parte deles, a exemplo de Manoel Júnior, Luiz Couto, Vital do Rego.

Apesar da expectativa que o senhor alimenta quanto ao mandato de deputado federal, está no projeto político de Rômulo Gouveia disputar a prefeitura de Campina Grande mais uma vez?

Primeiro, não posso cometer o equívoco de 2004. De dizer que não sou candidato porque terminei pagando um preço muito caro. Em política, os fatos presidem as decisões. E terminei saindo candidato e fui atropelado pelas perguntas “Mas você não disse que não iria ser candidato?”. Então, esse erro não vou cometer. Se o partido convocar, eu aceito disputar a prefeitura. Por outro lado, não me vejo natural candidato por ter sido candidato em 2004 ou o deputado federal mais votado. Acho que não. Em Campina Grande, temos uma liderança maior, e demonstrou isso mais uma vez nesta eleição, que é o governador Cássio. E temos que chegar em 2007 e definir qual a estratégia e direção que vamos ter para vencer as eleições municipais. Não podemos cometer o erro, que foi cometido por nossos opositores, que porque ganharam em 2004 iriam ganhar em 2006. Cada eleição é uma eleição. Não vamos nos enganar porque ganhamos com 70% dos votos em Campina que vamos ganhar as eleições municipais. É totalmente diferente. Depois, não subestimar o concorrente. Temos o prefeito que está no comando da cidade. Nós temos mostrar os pontos negativos e tentar conquistar o nosso espaço respeitando o processo sem misturar. Nós temos quadros: Romero Rodrigues, Enivaldo Ribeiro, Damião Feliciano, Arthur Cunha Lima, Manoel Ludgério. Temos a maioria na Câmara. Temos que partir para discutir um projeto. Mostrar que o nosso grupo é melhor à frente da prefeitura.

Mas já não está na hora de fazer essas críticas? O senhor é forte candidato a candidato a disputar a prefeitura com Veneziano, mas não vemos o deputado Rômulo Gouveia com uma leitura mais crítica em relação ao prefeito Veneziano, que passeia sozinho…

Primeiro, não é muito do meu estilo fazer críticas. Não precisa criticar. Basta pegar os compromissos que foram assumidos em campanha. Só que o prefeito ainda tem mais de dois anos de mandato. Então, o que ele não fez até agora pode fazer nos últimos dois anos. Não é ?. É muito cedo para avaliar uma administração. Se fôssemos avaliar o governo de Cássio nos últimos dois primeiros anos Cássio não teria sido reeleito…

Mas a oposição não deu trégua…

Sim, mas não funcionou. A oposição ganhou as eleições? Não. Então, a estratégia foi errada. Você tem que saber o momento exato de atacar. Numa guerra, quem usa as armas com antecedência, fica sem munição.

E qual o tempo certo?

Na hora em que a estratégia for montada. 

Por Luís Tôrres

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