Um acordo político livrou a senadora Ana Julia Carepa (PT-PA) de ser uma das indiciadas pela CPI da Biopirataria, que listou um grupo de petistas acusados de receber propina de madereiros para facilitar corte ilegal de madeiras no Para. A reportagem esta na edição desta semana da revista Veja.
Na semana passada, a senadora coordenou sessão da Comissao de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle do Senado Federal que apura denuncias de irregularidades em contratos feitos na gestão do ex-prefeito Cícero Lucena (PSDB) em Joao Pessoa, e se colocou como uma firme defensora da probidade administrativa.
A sessão, que foi realizada com objetivo de ouvir os procuradores da Republica, Antonio Edilio Magalhães e Fabio George, contou com a presença apenas do relator da matéria e do senador Ney Suassuna (PMDB), adversário político do ex-prefeito.
O relatório da CPI, segundo a revista, aponta que o gerente executivo do Ibama, Marcilio Monteiro, indicada pela senadora, facilitava o esquema. Uma assessora de Ana Julia Carepa teria movimentado R$ 2 milhoes em contas bancarias. O valor é dezesseis vezes mais alto do que a renda anual que Maria Joana declarou à Receita Federal: 124.800 reais.
“Apesar do esforço do Partido dos Trabalhadores em abafar as investigações, conseguimos desmontar um dos mais escabrosos casos de corrupção na área ambiental do país”, avalia o presidente da CPI, o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP). O relatório da CPI pede ao Ministério Público o indiciamento de sete pessoas, cinco delas ligadas ao PT.
São elas: Leivino Ribeiro de Souza, idealizador do selo que servia de salvo-conduto para a madeira ilegal e caixa de campanha do candidato a prefeito em Anapu Chiquinho do PT, que também teve solicitado o seu indiciamento; Elielson Soares de Farias, ex-gerente do Ibama em Altamira, filiado ao PT e indicado ao cargo pelo partido; Bruno Kempner, executor do Incra na cidade de Altamira, filiado ao PT e indicado ao cargo pelo partido; e Sílvio César Costa de Lima, caixa de campanha de candidatos do partido na região da Transamazônica.
As outras duas pessoas que tiveram o indiciamento pedido no relatório são a engenheira florestal Sidiane Costa de Lima, acusada de assinar laudos falsos que permitiam o desmatamento ilegal; e Gracilene Lima, uma das sócias da empresa que coordenou a execução do plano Safra Legal no Pará.
Monteiro, o ex-marido da senadora Ana Júlia, também chegou a ter o indiciamento pedido em uma das versões preliminares do relatório. A solicitação foi retirada depois que deputados da base do governo ameaçaram derrubar o relatório. Pelo mesmo motivo, o nome da senadora petista é citado apenas de passagem no documento.
O texto registra o estranhamento dos parlamentares pelo fato de Ana Júlia – que não recebeu nenhuma doação de madeireiros em 2002, quando se candidatou ao Senado – ter tido os cofres de campanha inundados por dinheiro do setor em 2004, quando foi candidata à prefeitura de Belém. Ela indicou Monteiro para a chefia do Ibama em 2003. A senadora nega que tenha beneficiado madeireiros em troca de contribuições de campanha. Diz que todas as denúncias contra ela são “especulação e ilação”.
Fundadora do PT no Pará, Ana Júlia é conhecida por seu envolvimento com os movimentos sociais e a causa dos sem-terra da Amazônia. Embora um acordo costurado entre parlamentares tenha poupado Ana Júlia e seu ex-marido de um pedido de indiciamento no relatório, a investigação da CPI esbarrou em uma série de indícios comprometedores para a dupla. Logo no início das investigações, a comissão recebeu de um sindicalista da região a denúncia de que parte da propina paga pelos madeireiros para conseguir autorizações para o desmate e o transporte ilegal de madeira era depositada em contas bancárias de uma assessora da senadora, Maria Joana da Rocha Pessôa. Obtida a quebra do sigilo da funcionária, descobriu-se que, apenas em 2004, ela havia movimentado, em duas contas, uma quantia superior a 2 milhões de reais. O valor é dezesseis vezes mais alto do que a renda anual que Maria Joana declarou à Receita Federal: 124.800 reais. Além disso, extratos bancários analisados pela CPI revelam que contas da assessora passaram a receber cada vez mais dinheiro à medida que se aproximavam as eleições. “Essa movimentação voltava a cair com a passagem do pleito”, afirma o relator da comissão, José Sarney Filho (PV-MA). A CPI não conseguiu rastrear a origem do dinheiro que alimentou as contas milionárias de Maria Joana: a maioria dos depósitos foi feita em dinheiro vivo. Um clássico petista.
Redação
ClickPB
Revista Veja: Assessora de Ana Julia Carepa movimentou R$ 2 mi em prop
Segundo revista, acordo político livrou presidente da Comissao de Meio Ambiente e Fiscalização do Senado
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