O paulista Orestes Quércia e o gaúcho Pedro Simon decidiram ontem lançar Itamar Franco candidato a presidente da República pelo PMDB. Vai dar certo? Impossível dizer, mas essa é outra história. O fato é que o nome de Itamar está na rua e vai bagunçar um pouco o coreto.
O próprio Quércia telefonou para Itamar Franco dizendo que ia lançá-lo. O ex-presidente da República (1992-1994), hoje com com 75 anos, respondeu que está com a vida arrumada em Minas Gerais, onde tudo indica será um candidato imbatível para o Senado.
As condições de Itamar são quase impossíveis de serem cumpridas: 1) o partido (PMDB) teria que ir até ele pedindo que fosse candidato; 2) o PMDB de Minas Gerais também precisaria estar 100% de acordo.
A resposta que ouviu de Quércia é que esse tipo de trabalho teria de ser feito ao longo dos próximos meses. Itamar aceitou, mas deixando claro que ele próprio não está pleiteando a candidatura. Mas que gostou, gostou.
Itamar quis saber como ficaria Anthony Garotinho, que ganhou recentemente a pré-nomeação numa consulta informal dentro do PMDB. Quércia respondeu que já avisara Garotinho. Disse que não pode apoiar o ex-governador fluminense como candidato do PMDB porque ele, Garotinho, não uniria a sigla –o que não é novidade para ninguém.
Políticos experientes, Quércia e Simon estão enxergando no fim do túnel da atual crise alguma abertura para uma saída alternativa na eleição presidencial. Sabem que não é algo muito provável, mas não impossível. Digamos que Lula continue enredado em acusações e mais acusações de degradação moral e desça a ladeira nas pesquisas. Que Geraldo Alckmin não emocione ninguém. Que Garotinho não consiga a legenda para ser o candidato do PMDB. Em resumo, não é impossível que o cenário sucessório se transforme num deserto de opções.
Se essa conjuntura vier mesmo a ser formar, é importante que um partido grande como o PMDB esteja bem posicionado para preencher o eventual vácuo. Esse é o raciocínio de Quércia e de Simon.
Além disso, por óbvio, Quércia sabe que suas chances (pequenas) de ser vitorioso numa disputa pelo Palácio dos Bandeirantes só crescem com uma candidatura forte do PMDB a presidente. Daí, procurou Itamar Franco.
Não custa lembrar que Itamar Franco é um dos políticos mais sortudos da história recente. Era vice de Collor e teve a presciência de romper com seu colega antes que a administração collorida entrasse pelo ralo.
Quando herdou a Presidência da República, ninguém dava nada por Itamar. Pois ele fez o Plano Real (sem entender patavina de economia) e o país iniciou o único clico de crescimento robusto na década passada sob o mandarinato itamarista.
No campo ético, nada a falar sobre Itamar. Quando seu chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, foi acusado de tráfico de influência, afastou-o até que fossem concluídas as investigações –uma atitude que nunca foi seguida por FHC nem por Lula.
Enfim, a notícia aí está. O que vai acontecer, é outra história, pois muita água rolará por debaixo dessa ponte chamada eleição.
Uol- Blog do Fernando Rodrigues
Quércia e Simon lançam Itamar Franco candidato a presidente pelo PMDB
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