Política

PT quer liderança no Senado para impedir avanço do PMDB

A bancada do PT no Senado pedirá nos próximos dias ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a liderança do governo na Casa volte para as mãos do partido a pa

A bancada do PT no Senado pedirá nos próximos dias ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a liderança do governo na Casa volte para as mãos do partido a partir de 2007. O recado será dado ao próprio Lula pela líder do PT na Casa, Ideli Salvatti (SC).

Até o mês passado, a função de líder do governo era ocupada pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP). Ele deixou o posto depois do escândalo da compra do dossiê da máfia dos sanguessugas contra políticos do PSDB. O então assessor de comunicação da campanha de Mercadante ao governo paulista, Hamilton Lacerda, foi apontado como um dos mentores da operação de compra dos documentos e se afastou do cargo após o episódio.

Desgastado, Mercadante perdeu não só a eleição, como também a liderança do governo. A função foi passada ao senador Romero Jucá (PMDB-RR) até dezembro.

Os senadores do PT não admitem que a tarefa seja exercida por um senador que não seja do partido de Lula. Ainda mais se a presidência do Senado continuar nas mãos de Renan Calheiros (PMDB-AL), hipótese mais provável hoje dentro da Casa. Ou seja: o PMDB teria o comando do Senado e a interlocução do Palácio do Planalto com os senadores.

A reivindicação da liderança do governo será feita por Ideli em audiência formal com Lula. O pedido, segundo ela, já foi feito, informalmente, na última quinta-feira (9) ao chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. Ideli confirmou que o senador Tião Viana (PT-AC) será o nome indicado pela bancada para assumir a função.

O maior problema, no entanto, será conseguir fazer o apelo diretamente a Lula. "Pedi a conversa com o presidente, agora ele precisa pôr a bancada na agenda", diz a senadora ao reclamar que Lula recebeu os senadores no PT para uma conversa uma só vez, em dezembro de 2004.

Ideli aproveitou para se queixar da falta de comunicação entre o presidente e os senadores no primeiro mandato e pede para que haja uma mudança no segundo.

"Ele precisa melhorar o tratamento necessário, por exemplo, para o arrefecimento de crises", diz. "Bastaria um telefonema. Outros presidentes faziam isso. Eu espero que ele tenha disposição para mudar", afirma.

Câmara
A postura da bancada do PT no Senado é semelhante à que os deputados do partido prometem ter: impedir que o PMDB ocupe um espaço maior que o PT no segundo governo. Para isso, passam no caminho postos estratégicos dentro do Congresso e as presidências de Câmara e Senado.

Se no Senado os petistas estão dispostos a apoiar Renan em troca da liderança do governo, na Câmara a situação é um pouco diferente. Apesar de o PMDB ter a maior bancada, com 89 deputados, contra 83 do PT, os petistas já deram o recado de que não pretendem desistir tão cedo da intenção de disputar o cargo atualmente ocupado por Aldo Rebelo (PC do B-SP).

Pela tradição do Congresso, as maiores bancadas podem indicar os presidentes de cada Casa. Os petistas alegam, no entanto, que, apesar do menor número de cadeiras, tiveram mais votos que os peemedebistas para a Câmara, o que credencia o partido a disputar o comando da Casa. O nome mais cotado dentro do PT para a briga é o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

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