Política

Por verba, prefeitos procuram genro de Lula

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O genro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marcelo Sato Rosa, casado com Lurian Cordeiro Lula da Silva, é citado por prefeitos de Santa Catarina como o intermediador de pedidos de liberação de recursos federais para os municípios.

O prefeito do município de Orleans, Valmir Bratti (PP), afirmou que em 2005 entregou a Sato uma lista com 26 projetos municipais que dependem de verba federal, como informou ontem o jornal “O Globo”. Bratti diz acreditar que o genro do Lula tenha encaminhado a relação à senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

A senadora disse ontem que Sato esteve em Brasília algumas vezes para tratar de assuntos ligados a obras e investimentos em seu Estado, mas negou irregularidades nos procedimentos.

Dos 26 projetos apresentados pelo prefeito, que somam R$ 8 milhões, um virou emenda individual da senadora, que pede um repasse federal de R$ 80 mil para Orleans construir um prédio para o Programa Saúde da Família. A emenda ainda não foi liberada.

Bratti disse que entregou o pedido a Sato no mesmo dia em que ele visitou a cidade, em meados de 2005. “Ele [Sato] estava visitando a cidade e o convidei para visitar o meu sítio. Entreguei os pedidos para ele, para o partido dele.”

O prefeito afirmou ontem que não acredita que Sato tenha exercido qualquer influência para ajudar na liberação de verbas. “Se ele tivesse ajudado a liberar algo, teria me ligado para avisar. Depois daquela reunião no meu sítio, nós nunca mais conversamos.”

Décio Lima (PT), ex-prefeito de Blumenau (SC), disse que o genro de Lula recebe pedidos de ajuda e os encaminha à deputada estadual Ana Paula Lima (PT-SC), não à senadora Ideli Salvatti.

“Como chefe-de-gabinete de Ana Paula, é normal que ele receba e encaminhe os pedidos à própria deputada”, disse o ex-prefeito, que é casado com Ana Paula.

Quando Lima era prefeito de Blumenau (2001-2004), Sato o acompanhou em reuniões com ministros para discutir a liberação de verbas. Além disso, os dois, com as respectivas mulheres, dormiram na Granja do Torto, residência oficial da Presidência.

“Fui convidado pelo próprio Lula. Nós nos conhecemos há muitos anos, fui um dos fundadores do PT. Não preciso de Sato para falar com o presidente nem com os ministros”, disse Lima.

Segundo o ex-prefeito, a relação entre eles é familiar. Lima e Ana Paula são padrinhos do segundo filho de Lurian e de Sato.

Sobre eventuais ajudas financeiras a Lurian, como publicado em jornais locais, Lima afirmou que a ajuda como se ela fosse uma filha e diz que não comenta valores. “Ela é minha “filha adotiva.”

Macartismo

Ideli negou receber pedidos de Sato, mas contou já ter feito trabalhos em conjunto com o gabinete de Ana Paula. Por isso, teria se encontrado com o genro de Lula.

Ideli disse que os comentários de que há problemas nos seus contatos com o genro de Lula são “macartistas” (campanha de perseguição a comunistas do senador americano Joseph McCarthy nos anos 50). Para ela, ainda que tivesse recebido pedidos de Sato, não haveria irregularidade.

Indagada se Sato conseguiu marcar audiências com ministros na Esplanada, respondeu: “Não tenho conhecimento disso”.

O nome de Sato surgiu no noticiário depois que o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), afirmou em seu boletim na internet que duas contas bancárias do assessor petista teriam recebido depósitos de Paulo Okamotto, ex-tesoureiro do PT e de Lula e atual presidente do Sebrae (serviço de pequenas empresas).

Em nota distribuída ontem, Ideli disse que sua assessoria recebeu, somente em março, cerca de 30 pedidos de prefeitos “de diversos municípios e partidos”. “Sou a única senadora do Estado que é da base de apoio ao governo”, disse a senadora, na nota.

Sato informou ontem por meio da assessoria da deputada que não falará sobre o assunto porque não há nada que indique qualquer irregularidade.

Folha Online

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