O deputado estadual e vice-governador eleito, Zé Lacerda (PFL), respondeu em tom de mágoa as declarações do jornalista Rubens Nóbrega em coluna publicada hoje, 19, no Jornal Correio da Paraíba, teria insinuado que o governador reeleito, Cássio Cunha Lima (PSDB), teria escolhido seu vice devido aos problemas de saúde que Lacerda enfrenta e que a escolha do deputado Arthur Cunha Lima (PSDB) para a presidência da Assembléia seria uma maneira estratégica de “nomear” um vice-governador de confiança.
“Se este nobre jornalista a quem respeito quiser eu mostro os resultados dos exames que comprovam o meu perfeito estado de saúde”, disse o deputado. O vice-governador eleito desafiou o jornalista a provar as insinuações e declarou que deixa o mandato se ficar comprovado qualquer problema.
Já em um discurso bem mais agressivo, o deputado Zé Aldemir (PFL) despejou críticas ao colunista a quem acusou de não ter saúde mental. “O jornalista não tem autoridade para falar sobre a saúde de ninguém, afinal não é médico. E o motivo que fez ele escrever isso é revolta com a derrota do time dele. Ele é que não tem saúde mental para escrever”, disparou o peefelista.
O mal-estar acabou tomando os holofotes da sessão de hoje, 19, e mesmo com a indicação de Djaci Brasileiro (PMDB) para a Secretaria de Ação Social, a briga entre imprensa e Legislativo foi o assunto do plenário.
Janildo Silva
ClickPB
Ainda mais poderosos
Os Cunha Lima estão bem próximos de impor à Paraíba uma inédita hegemonia de poder sob domínio familiar. Se a Justiça Eleitoral não der um jeito até lá, é o que vai acontecer nos próximos dois anos, pelo menos.
Essa perspectiva ganhou ontem foros de quase certeza quando a bancada pefelista na Assembléia fechou acordo para eleger presidente da Casa o deputado Arthur Cunha Lima (PSDB), primo do governador Cássio Cunha Lima, do mesmo partido.
Por que dois anos? Porque esse é o tempo presumível que deve levar a Justiça para decidir se cassa ou não o segundo mandato de governador que o Doutor Cássio conseguiu sob muita suspeita de bastante compra de votos.
Enquanto não se resolve essa parada no âmbito judicial, na vida prática a Paraíba passará a conviver com algo mais do que os Cunha Lima mandando em dois dos três principais poderes de um Estado.
A eleição do deputado Arthur como presidente da Assembléia dá à família poderosa bem mais do que um dos seus no comando do Legislativo. Viabiliza ainda uma alternativa de vice da mais absoluta confiança para o atual governador.
Não sejamos hipócritas. Por mais doloroso e delicado que seja o assunto, não dá para esconder que problemas de saúde talvez não permitam ao vice-governador eleito José Lacerda assumir o governo em toda a sua plenitude, quando e se preciso for.
Considerando, então, que presidente da Assembléia é o terceiro na ordem de sucessão governamental, assume fácil o governo se o segundo estiver impossibilitado de substituir o governador em caso de afastamento do titular por qualquer motivo.
Ainda a propósito de José Lacerda, alguém me disse que o esforço para fazer Arthur presidente da Assembléia intensificou-se a partir de quando o círculo íntimo do poder certificou-se das complicações de saúde do vice.
Torço muito para que isso não seja verdade. Até para não perder a minha fé na incapacidade do ser humano de ir além de certos limites, apesar de admitir a existência de certos humanos para os quais nada é impossível.
Rubens Nóbrega