Uma ala do PSDB está operando para antecipar o processo de escolha do novo presidente do partido – previsto para outubro – e colocar no cargo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Com o argumento de que é preciso reformular a legenda, que sofreu duas derrotas consecutivas ao Palácio do Planalto – com José Serra em 2002 e Geraldo Alckmin este ano -, o grupo também pretende neutralizar o poder de comando dos presidenciáveis Serra, Alckmin e do governador reeleito de Minas, Aécio Neves.
“Ou o PSDB coloca o FHC ou o partido está morto”, avalia um importante senador. Para ele, além de ser o mais qualificado político tucano, FHC é o nome ideal para atuar na linha de frente do que chama de repaginação da sigla.
O atual presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), já sinalizou não ver problema em antecipar o processo interno de sucessão. Enquanto isso não acontece, fez um sinal para FHC, convidando o ex-presidente para coordenar um congresso da sigla previsto para ocorrer entre abril e maio de 2007. A idéia é que o evento sirva para dar o pontapé inicial no projeto de reconstrução.
“Todo mundo sabe que o partido precisa ser reorganizado. Ninguém melhor que o Fernando Henrique para fazer isso”, afirma outro tucano com trânsito na cúpula tucana. “O PSDB está dividido e Fernando Henrique é o único que pode ser guarda-chuva.
A avaliação de vários tucanos é que a gestão de Tasso foi temerária. “Ele é um grande político, mas sem a abrangência nacional que tem alguém como Fernando Henrique”, diz um líder tucano. O ex-presidente está ciente da movimentação para que assuma o posto máximo do partido, mas tem se esquivado. Prefere não ter compromissos partidários, mas está consciente de que muito provavelmente terá que assumi-los. Oficialmente, não admite a hipótese de comandar o PSDB.
Além de FHC, outros tucanos vêem na presidência uma chance de manter ou aumentar seu cacife político. Um deles é o ex-governador de Goiás Marconi Perillo – eleito senador em outubro -, que identifica no cargo a possibilidade de nacionalizar seu nome. Candidato derrotado ao Planalto, Alckmin não se entusiasma com a possibilidade de presidir o PSDB. Só o faria para manter-se na mídia, a exemplo de Serra após a eleição de 2002. O objetivo do ex-governador de São Paulo – depois de encarar temporada de estudos nos Estados Unidos – será disputar a prefeitura paulistana em 2008.
Na linha de frente dos tucanos que defendem uma repaginação no partido está o senador Antero Paes de Barros (MT). “O PSDB saiu da eleição com a bandeira da ética, mas precisa reafirmar suas propostas na área social e se inserir junto a movimentos importantes”, avalia. Para ele, é necessário aproximar-se de movimentos pela reforma agrária e educação. “Essa discussão é imprescindível se o PSDB quiser revalidar o futuro”, afirma.