Política

MST invade fazenda em Mirante do Paranapanema

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Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram na manhã de ontem a fazenda Santa Cruz, em Mirante do Paranapanema (530 km a oeste de SP). Segundo a Polícia Militar da cidade, cerca de 80 pessoas com foices, facões e enxadas participaram da ação. Ainda conforme a PM, os sem-terra cortaram alguns metros de cerca e mataram um boi da propriedade.

O coordenador regional do MST Aparecido Maia disse que a invasão –24ª do ano na região do Pontal do Paranapanema– é uma “resposta” à Justiça, por ter concedido reintegração de posse de uma outra fazenda invadida no final de semana na região, e ao governador Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidência pelo PSDB, pela “lentidão” na reforma agrária no Estado.

“Daqui para frente vai ser assim: quando nos despejarem de uma [fazenda], vamos entrar em outra. Não temos para onde ir porque o governador não cumpre a promessa de assentar as famílias”, afirmou.

De acordo com o líder sem-terra, parte das famílias que participaram do ato ontem estava acampada na fazenda São Domingos, em Sandovalina, invadida no último sábado. A Justiça concedeu até a tarde de hoje prazo para a desocupação voluntária do local.

Um dos líderes da ação na São Domingos, Maia foi alvo de um pedido de prisão feito pela UDR (União Democrática Ruralista) no Ministério Público de Pirapozinho no início da semana.

O promotor de Justiça Landolfo Andrade de Souza disse que solicitou ontem à Polícia Civil abertura de inquérito para apurar crimes de formação de quadrilha, dano e incitação ao crime cometidos por Maia e outros líderes do MST, conforme a denúncia feita pela entidade ruralista.

A polícia terá 30 dias para investigar o caso. Após esse período o MP analisará o inquérito e recomendará ao juiz Francisco José Dias Gomes a prisão ou não dos acusados.

A fazenda Santa Cruz foi o palco de uma invasão do MST ocorrida em junho de 2005 e que resultou na prisão do principal líder do movimento no Pontal, José Rainha Júnior. Na época, os sem-terra foram acusados de furto, incêndio em pastagens e disparos de arma de fogo. Rainha foi responsabilizado pelos atos e preso preventivamente em 6 de setembro, mas nove dias depois ganhou liberdade ap fazer acordo com a Justiça local de suspender a agenda de invasões.

Os proprietários e advogado da fazenda não foram encontrados pela reportagem. De acordo com a assessoria de imprensa do Itesp (Instituto de Terras do Estado de São Paulo), a área de 1,3 mil hectares está sendo reivindicada pelo governo paulista para fins de reforma agrária e foi julgada devoluta (pública) em segunda instância.


Fonte: Folha Online

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