Política

Made in Brasil em Baixa: Queda nas exportações desemprega 40 mil em to

Juros alto e valorização do real são os pivôs da derrocada brasileira no mercado internacional








A valorização de 37,1% da moeda brasileira nos últimos três anos fez com que as exportações brasileiras entrassem em seu quarto ano de queda consecutiva em 2006, com perda da rentabilidade de 29,2% durante o período. A afirmação é da Confederação Nacional da Indústria. E mais, o Estudo “Os Efeitos da Valorização do Real na Indústria Brasileira”, realizado pela Unidade de Política Econômica da CNI aponta as micro e pequenas empresas como as mais prejudicadas.

O Superintendente do Sebrae/PB explica: “Em um ambiente desfavorável de câmbio valorizado essas empresas perdem espaço porque não têm condições de competir com as mais experientes, economicamente melhor estruturadas”.

Em relação ao primeiro trimestre de 2005, os primeiros três meses deste ano registraram perda de 17,30%.da rentabilidade no setor de exportação paraibano. O que equivale dizer que a Paraíba deixou de arrecadar mais de US$ 13 bilhões em exportações apenas de janeiro a abril de 2006. Em todo País a queda foi de 6,7%, o que representou a extinção de 40 mil postos de trabalho.

De acordo com relatório do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, fornecido pelo Centro Internacional de Negócios da Paraíba à reportagem do ClickPB, o recuo nas exportações não é de hoje: Entre os anos de 2003 e 2004, apesar do registro de 11 novas pequenas empresas exportadoras (de 43 para 32 unidades), o faturamento anual com exportações obteve variação negativa de US$ -148.646 (US$ 9,.064 milhões em 2003 e US$ 8,915 milhões no ano posterior).

O desempenho fez o Estado ocupar o 19º lugar no ranking das exportações brasileiras, em 2004, perdendo para Bahia, (8º), Pernambuco (12º), Ceará (13º), Rio Grande do Norte (16º) e Piauí (18º). Já as micro-empresas justificaram o crescimento de 17 para 27 unidades em 2004 e aumentaram o faturamento em quase US$ 670 mil no mesmo período (US$ 1,5 bilhões em 2004, contra 755,5 mil no ano anterior). Mesmo assim a Paraíba ficou apenas uma colocação acima (18ª), com o Rio Grande do Norte na 19ª e Piauí na 20ª.

Perfil em tempos de crise – Mesmo em meio à crise deflagrada pela atual valorização cambial, algumas empresas conseguem se manter no mercado sem maiores arranhões. Analistas em economia revelam que empresas exportadoras com grande importação e pouca mão-de-obra devem resistir aos dias, meses e anos de dólar barato. Isso porque a empresa exportadora recebe a receita em dólares, mas paga os trabalhadores em reais, além disso, importar a baixo custo, representa economia na “montagem” do produto para exportação.

O perfil divide destinos: Enquanto fabricantes de remédios e celulares aproveitam a redução de custos e planejam ampliar exportações, as empresas de roupas, calçadistas e autopeças contabilizam o prejuízo. No caso do celular por exemplo, o coeficiente de insumos importados chega até 90%. O Brasil é praticamente um “montador” de produtos eletroeletrônicos, pouca coisa é fabricada internamente, apontam os especialistas.

Sem tradição em exportação no segmento eletroeletrônico, a Paraíba não se beneficia das concessões de mercado, mas ultrapassa números no setor calçadista de borracha ou plástico em 2006.

Entre Janeiro e Março deste ano, apenas neste setor, o Estado faturou pouco menos de US$ 12 bilhões contra cerca de US$ 250 mil durante o mesmo período de 2005. Fato justificável com a concentração da produção nacional de sandálias Havaianas pela ALPARGATAS S/A que ocupa o 2º lugar na lista das principais empresas exportadoras situadas na Paraíba, contendo 21% do faturamento no período. A Empresa paulista perde apenas para COTEMINAS, com lucro acima de US$ 18 bilhões (29,83%).

O que a Paraíba tem – Tomando como base o primeiro trimestre deste ano, 23% das exportações são de roupas de toucador/cozinha e de tecidos atoalhados, o que corresponde a US$ 14.340.257 bilhões, calçados de borracha ou plástico ficam em segundo com cerca de 20% do total; açúcar de cana representa cerca de 8% das exportações, seguido pelo fio de algodão 85% (7%) e álcool etílico n/desnaturado (6%). O total de exportações ficou acima de US$ 60 bilhões, ainda assim, abaixo do registrado em 2005 (US$ 74 bilhões).

Principais Destinos – Os Estados Unidos importam a maior parte dos produtos paraibanos (52%); Rússia; Argentina; Espanha e Austrália, concentram cada um entre 4,82 e 3,26% das exportações paraibanas.

Divisão de Setores – Os bens de consumo não duráveis ainda são responsáveis por mais da metade das exportações do Estado (51%); os bens intermediários, sobretudo os insumos industriais abocanham 36% do bolo paraibano e os alimentos e bebidas destinados à indústria somam 8% da produção.

Apoio para as “vítimas do câmbio”: No último dia 16, a Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff anunciou a criação de uma linha de crédito no total de R$ 400 milhões, com capital de giro para setores econômicos com farta mão de obra e perfil exportador. O primeiro segmento beneficiado será o calçadista. Os recursos serão retirados do Fundo de Amparo ao Trabalhador e repassadps pelo Banco do Brasil. O pagamento será efetivado em 12 meses. Lideranças políticas, como o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) sustento que o auxílio é apenas paliativo e propõe a realização de uma mudança emergencial no câmbio.

Dólar a R$ 2,40 – A forte valorização do dólar nos últimos dias de maio é vista com bons olhos tanto pelo setor produtivo quanto pelo Ministério de Desenvolvimento. Antonio Sérgio Martins Mello, secretário do desenvolvimento da produção do MDIC, afirmou recentemente que um dólar em R$ 2,40 deve melhorar a competitividade do exportador brasileiro. O superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, também se mostrou otimista com a alta da moeda americana, mas explicou que é preciso esperar para ver se esse é um movimento passageiro ou se efetivamente aponta um novo patamar de dólar e também de juros no mercado externo.

Lívia Falcão

ClickPB

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