Política

Lula e PFL são “obrigados” a esperar caminho do PMDB

None

O PMDB obrigou o PFL e o presidente da República a ficarem, temporariamente, do mesmo lado. Lula e o PFL precisam dividir o mesmo barco, ampliar o arco de alianças e buscar o maior número de apoios possível na corrida pela vaga ao Palácio do Planalto. E por isso se viram obrigados a usarem a mesma estratégia para as próximas eleições presidenciais. Esperar, esperar e esperar pelo PMDB. O PT pressiona Lula a assumir a candidatura, o PSDB anseia por uma decisão do PFL. Mas não há remédio, a não ser aguardar.

O maior partido do Brasil, com penetração nos grandes centros urbanos e nos grotões mais remotos do interior do país, com suas divisões e rivalidades internas, é o grande senhor destas eleições. Não é unido, mas tem tamanho e músculos para colocar em primeiro lugar qualquer candidato. O PFL foi o último a aderir ao compasso de espera imposto pelo PMDB. Na última reunião da Executiva Nacional do PFL, durante a semana que passou, os caciques do partido decidiram que não há nada o que fazer a não ser esperar uma decisão do PMDB, que promete tomar no próximo dia 13 de maio uma posição definitiva sobre a candidatura própria. Apesar de que, em se tratando de PMDB, é sempre um risco falar em “posição definitiva”.

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), admite que é um sonho do partido formar uma tríplice aliança e juntar no mesmo lado da disputa PFL, PSDB e o que conseguir de apoio no PMDB. O sonho tem razão de ser, porque aumentaria consideravelmente as chances do candidato tucano Geraldo Alckmin (PSDB-SP) subir a rampa do Palácio do Planalto em janeiro de 2006.

Os defensores da candidatura própria do PMDB não enfrentam resistência apenas dentro do partido contra a possibilidade de lançarem um nome na corrida ao Palácio do Planalto. Lula e o PFL torcem para entrar “água no chope” de Itamar Franco (MG) e Antony Garotinho (RJ), os dois pré-candidatos do PMDB.

Jorge Bornhausen admite abertamente que torce para que a tropa governista do PMDB, liderada pelo senador José Sarney (PMDB-MA) e pelo presidente do senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), consiga impedir que o PMDB lance um nome interno da legenda à corrida a Presidência da República. “Torço para que o PMDB não tenha candidato, seria ideal para nós”, diz o senador. Por isso mesmo, Bornhausen jogou para o fim de maio, provavelmente, no dia 24, o anúncio de uma decisão do partido sobre a indicação do nome do PFL para disputar a Vice-Presidência na chapa tucana.

O presidente Lula também está no mesmo barco que o PFL, e por duas razões básicas. A primeira é que também sonha em ter o apoio do PMDB e disputar a reeleição com um vice do partido. Durante o lançamento do livro do líder do Governo no Senado, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Lula mostrou uma camaradagem com Renan Calheiros poucas vezes vista em público.

Os dois, em vários momentos, completavam as frases um do outro quando o assunto era PMDB. “Estou ajudando o Renan Calheiros a pacificar o PMDB”, disse Lula. Neste caso, “pacificar”, para Lula, significa cercar o partido de todos os lados. Vale inclusive, implodir uma candidatura do PMDB. Itamar Franco, aliado de Lula em 2002, pode estar se prestando a este papel. Itamar reafirma que é pré-candidato a Presidência da República, mas durante uma entrevista em Brasília, ao ser perguntado se apoiaria o ex-prefeito de Uberlândia Zaire Rezende (PMDB-MG) para a vaga ao Senado por Minas Gerais, cometeu um ato falho: “Mas já estão querendo minha vaga ao Senado?”, perguntou o ex-presidente. Ou seja, Itamar embolaria a disputa, prejudicaria Garotinho no PMDB, ajudaria Lula e depois concorreria ao Senado. Resta saber a posição do PMDB mineiro.

A segunda razão de Lula para esperar uma decisão do PMDB tem motivos jurídicos, mas é tão importante quanto a primeira. Enquanto não se anuncia candidato, Lula pode inaugurar obras, anunciar programas de governo, discursar à vontade em todos os lugares e com isso fortalecer a boa imagem que tem perante os mais carentes, conforme atestam as últimas pesquisas eleitorais.

Diante do impasse dos peemedebistas, o PFL também foi obrigado a parar as máquinas. E para esperar o PMDB, tem um argumento interno forte. A disputa entre os senadores José Agripino (PFL-RN) e José Jorge (PFL-PE), os nomes do partido que concorrem à vaga de vice na chapa de Alckmin. Há o risco de mágoas e cicatrizes que tiram votos. O partido tem que trabalhar com a ansiedade do PSDB, que cobra uma resposta do PFL. Contra pressões, o presidente Bornhausen é firme. “O prazo é a convenção e corre a partir de dez de junho”, mês previsto na legislação eleitoral para as convenções partidárias que escolherão, oficialmente, os candidatos das legendas.

A julgar pelas declarações de Agripino e José Jorge, será preciso muita conversa, já que nenhum dos dois parece disposto a ceder. “Esta fase é do diálogo, para que possamos fazer uma base forte e uma vitória tranqüila”, diz o presidente do PFL.

O senador José Agripino Maia acredita que vai resolver o impasse com o colega de partido José Jorge antes do fim de maio e por isso defende uma nova consulta aos deputados, senadores, governadores, vices e prefeitos de capitais, além de membros da executiva do PFL que não são parlamentares. Na primeira consulta informal que o presidente Jorge Bornhausen fez dentro do partido, Agripino ficou em terceiro lugar, atrás do próprio presidente Bornhausen e do senador José Jorge. “Eu concordo em me submeter a este colégio e o menos votado apoiaria o mais votado”, diz Agripino.

Agripino rebate, com veemência, as informações de que seria o preferido do PSDB, mas rejeitado dentro do PFL para disputar ao lado de Alckmin. “Não tem nada disso, porque não se consulta de novo este colégio, para tirar a prova dos nove e encerrar este assunto de vez?”, questiona Agripino. “Estou absolutamente confiante”, sentencia o líder.

A primeira consulta do PFL ouviu 94 membros do PFL, 70 preferiram Bornhausen, que abriu mão da disputa. José Jorge teve 55 indicações e Agripino 43. O senador José Jorge (PFL-PE), por sua vez, afirma que está aberto ao diálogo, mas usa estes números como escudo. “O fato de eu ter saído na frente é uma informação importante”, afirma, dizendo também que concorda com conversas adicionais, por avaliar que cabe sempre discutir em busca de um comum acordo. “Somos companheiros, amigos”, despista o pernambucano. Falta saber, como a amizade será capaz, neste caso, de impedir rupturas no PFL.

Agencia Nordeste

COMPARTILHE

Bombando em Política

1

Política

TCE-PB mantém imputação de débito de R$ 1,5 milhão a Tibério Limeira

2

Política

Parque da Cidade: audiência de conciliação na Justiça define ações para destravar obra no Aeroclube

3

Política

Carlinhos do PT oficializa candidatura à presidência do diretório estadual e defende representatividade do interior

4

Política

Tribunal de Justiça começa a julgar pedido para abertura de CPI do Hospital Padre Zé na Assembleia Legislativa

5

Política

Prepare o bolso: preços da gasolina e diesel vão subir a partir de 1º de fevereiro