Depois de sujar as mãos de óleo na nova plataforma P-50 em alto-mar, repetindo um gesto de Getúlio Vargas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou a “Campanha do Petróleo é Nosso”, dos anos 1950, às ações dele nas áreas econômica e social e aos embates com a oposição e a imprensa.
Em discurso de 22 minutos durante a solenidade da conquista da auto-suficiência do País em petróleo, no Museu Histórico Nacional, no centro do Rio, Lula atacou os que defendem o impeachment dele e disse que o Brasil vive o melhor momento macroeconômico dos últimos 25 anos”.
“Hoje, o que fazemos é multiplicar maciçamente as oportunidades na economia e na educação, beneficiando toda a sociedade, especialmente os mais pobres, para alargar cada vez mais as fronteiras da educação, da democracia e do bem-estar social”, afirmou. “Essa é a ´campanha do petróleo é nosso´ da nossa geração, a auto-suficiência do Brasil em cidadania.”
Lula citou Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, comparando a luta dos inconfidentes mineiros à independência do Brasil em petróleo. “O que os algozes da independência não tinham percebido é que é fácil esquartejar e salgar a carne humana. Difícil é quando a idéia é forte e fazer com que essa idéia transpasse o tempo”, disse. Lula observou, no entanto, que o País ainda continuará importando óleo leve para misturar ao óleo pesado.
Ajuda anterior
Sem citar diretamente o antecessor Fernando Henrique Cardoso, Lula afirmou que muitos governos ajudaram a Petrobrás a conquistar a auto-suficiência em petróleo, mas ressaltou que a gestão petista se esforçou de forma “extraordinária” para alcançar a produção suficiente para abastecer o mercado interno. “Os pessimistas de sempre nunca acreditaram na capacidade do povo brasileiro”, salientou.
Ele leu um artigo publicado por um “importante jornal” nos anos 1950 com críticas à decisão de Getúlio Vargas de criar a Petrobrás. “Esse jornal disse que a Petrobrás significaria um desperdício de dinheiro e tempo”, relatou Lula. “Vocês percebem que não é diferente de hoje, até porque como os pobres, os poderosos renascem também em seus filhos, e a árvore genealógica continua produzindo essas coisas”, disse, sob aplausos de uma claque petista formada por empregados e pessoas ligadas à Petrobrás. À época da criação da empresa petrolífera, o jornal O Globo do Rio foi um dos que mais criticaram Getúlio Vargas.
Inauguração
Antes da solenidade, no início da tarde, Lula inaugurou a P-50, na Bacia de Campos. Acompanhado dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e dos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Silas Rondeau (Minas e Energia) , ele cumprimentou funcionários da Petrobrás e posou para fotografias com fotógrafos e cinegrafistas.
Usando uniforme da empresa, capacete e óculos de segurança, ele abriu a válvula que libera a entrada de óleo na plataforma e recolheu petróleo com um tubo de ensaio. Lula ainda cheirou o líquido. Depois de mais de 30 minutos na plataforma, o presidente e a comitiva embarcaram para o Rio num helicóptero da Força Aérea Brasileira.
Fonte: Estadão
Lula compara campanha dos anos 50 com suas ações no governo
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