A Câmara vota hoje em sessão à tarde o pedido de cassação do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), que presidiu a Casa em 2003/2004, acusado de envolvimento no esquema do mensalão. Deputados evitam fazer uma previsão do resultado de hoje. João Paulo tem feito um trabalho de corpo-a-corpo para conseguir votos contra o parecer do relator, Cezar Schirmer (PMDB-RS), e tem usado a relação que construiu com o baixo-clero, como é conhecida a maioria dos deputados sem postos de comando na Casa, durante sua passagem pela presidência da Câmara, para pedir apoio aos deputados.
Mas contra João Paulo há um parecer considerado um dos mais contundentes e consistentes do Conselho de Ética da Câmara, diante do desgaste político do Congresso com a série de absolvições dos deputados acusados de envolvimento com o mensalão.
Além disso, a Câmara ainda está sob o impacto da manifestação, que ficou conhecida como a “dança da pizza”, protagonizada pela deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) no plenário, que no final do julgamento do deputado João Magno (PT-MG) comemorou dançando entre as cadeiras e o corredor do plenário. A deputada é uma das principais defensoras dos petistas acusados do mensalão. No Conselho de Ética, ela falou por cerca de três horas em defesa de João Paulo Cunha.
Votação secreta
A votação no plenário é secreta e por meio de cédulas. Para João Paulo perder o mandato serão necessários 257 votos a favor do parecer do relator Cezar Schirmer.
João Paulo Cunha recebeu R$ 50 mil da conta da SMPB Publicidade, empresa de Marcos Valério Fernandes de Souza, sacados pela mulher do parlamentar, Márcia Regina Cunha, na agência do Banco Rural em Brasília. Além do saque, ele é acusado de ter tentado disfarçar seu envolvimento, apresentando a versão de que sua mulher teria ido ao banco resolver pendência de uma fatura de TV por assinatura.
Mais tarde, João Paulo recuou e apresentou outra justificativa para o dinheiro. Em sua defesa, o deputado disse que os recursos foram usados para pagamento de pesquisas de opinião em quatro municípios de São Paulo administrados por petistas. Para comprovar, apresentou notas fiscais, com números em seqüência, do Instituto DataVale em seu próprio nome, emitidas no período de 10 de setembro a 19 de dezembro de 2003.
Para pedir a cassação do deputado, o relator, além desses dois aspectos, levou em consideração a relação de Marcos Valério com o petista e o contrato de cerca de R$ 10 milhões feito pela Câmara, com João Paulo na presidência, com a SMPB.
A licitação que foi vencida por Valério foi realizada 11 dias depois do saque de R$ 50 mil feito em 4 de setembro de 2003. Auditoria preliminar do Tribunal de Contas da União aponta diversas irregularidades no contrato.
Estadão.com.br
João Paulo faz corpo-a-corpo para tentar evitar cassação
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