O presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), rejeitou o pedido de renúncia coletiva apresentado por oito parlamentares nesta manhã de quinta-feira. Ele pediu para os deputados permanecerem no Conselho até a votação dos três últimos processos que estão em análise –contra Vadão Gomes (PP-SP), José Janene (PP-PR) e Onyx Lorenzoni (PFL-RS).
“Eu não aceitei a renúncia e pedi para que eles ficassem no conselho até o final do processo”, afirmou o presidente do Conselho de Ética.
Izar criticou a precipitação dos parlamentares que apresentaram hoje o pedido de renúncia. “Eles se precipitaram, deveriam ter conversado comigo antes. Eu não vou abandonar o barco. É o nosso papel”, disse. “Se é para renunciar, que renuncie todo mundo. E isso tem de partir do presidente [do Conselho].”
Segundo ele, o Conselho precisa concluir o trabalho que já foi iniciado. “Não podemos fugir da raia. Vamos cumprir a nossa obrigação até o último instante.”
Izar afirmou que as absolvições referendadas pelo plenário irritaram não só os oito parlamentares que apresentaram hoje o pedido de renúncia, mas desapontaram todos os membros do Conselho.
“Eles [renunciantes] estão indignados como todos nós. Não estamos revoltados com o caso João Paulo [Cunha]. Mas com o todo”, disse o presidente do Conselho.
O pedido de renúncia em massa foi apresentado como protesto à decisão do plenário da Câmara, que rejeitou ontem à noite o parecer do Conselho de Ética que pedia a cassação do deputado João Paulo Cunha (PT-SP). Com isso, já são oito os parlamentares envolvidos no “mensalão” que escaparam da cassação.
O conselho é composto por 15 titulares e 15 suplentes. Entre os titulares que apresentaram a carta de renúncia estão: Júlio Delgado (PSB-MG), Nelson Trad (PMDB-MS), Chico Alencar (PSOL-RJ), Orlando Fantazini (PSOL-SP) e Carlos Sampaio (PSDB-SP). Dos suplentes, pediram para sair do Conselho os deputados Cezar Schirmer (PMDB-RS), Marcelo Ortiz (PV-SP) , Cláudio Magrão (PPS-SP).
Quem fica e quem sai
Apesar do apelo de Izar, a ameaça de renúncia coletiva permanece. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) diz que não volta atrás e que deixa hoje mesmo o Conselho de Ética.
Outros integrantes, como os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ) e Nelson Trad (PMDB-MS), afirmaram que ficam no Conselho somente até a próxima semana, quando o processo contra Vadão Gomes (PP-SP) deve ser analisado.
Já Carlos Sampaio (PSDB-SP) disse que vai analisar o pedido de Izar. Por enquanto ele se comprometeu a ficar no Conselho até a votação do processo contra José Janene (PP-PR).
Os demais devem dizer até a próxima semana se atendem o apelo de Izar e ficam no Conselho ou se saem mesmo assim.
O caso João Paulo
O nome do ex-presidente da Câmara foi incluído no relatório parcial apresentado pelas CPIs dos Correios e do Mensalão porque Márcia Regina Cunha, mulher de João Paulo, sacou da agência do Banco Rural em Brasília R$ 50 mil.
Inicialmente, ele disse que a mulher havia ido à agência pagar uma conta de TV a cabo. Depois, ele mudou a versão e disse que o dinheiro foi usado na campanha do PT em Osasco, e não como caixa dois de campanha, e que foi disponibilizado pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Em seu relatório e voto, Schirmer listou oito fatos que basearam o pedido de cassação do mandato de João Paulo.
Segundo o relator, “ao receber presentes e visitas inusitadas (por parte do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como principal operador do mensalão), o representado colocou o seu interesse pessoal à frente do interesse público de ser absolutamente impessoal e isento no trato da coisa pública”.
Schirmer diz ainda que João Paulo omitiu intencionalmente fatos e informações relevantes para o Conselho. Além disto, o relator acusa o deputado de ter utilizado para proveito próprio o contrato firmado entre a Presidência da Câmara e a SMPB, empresa de Marcos Valério.
“Pagas com recursos do senhor Marcos Valério, as pesquisas de opinião, que o representado mandou realizar, atenderam ao seu interesse político pessoal.”
Por meio de relatórios feitos com base em auditorias promovidas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e da própria Secretaria-Geral da Câmara, Schirmer demonstrou que João Paulo mandou fazer pesquisas pela Câmara que mediam sua popularidade pessoal.
Fonte: Folha Online
Izar rejeita pedido de renúncia coletiva e deputados recuam
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