Política

‘Gestão secreta’ de Lula favorece Argentina em crise com o Uruguai, di

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O jornal argentino Clarín destaca a “gestão secreta” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em busca de uma solução para a crise entre Uruguai e Argentina em torno da instalação de fábricas de celulose estrangeiras nas fronteiras entre os dois países.

Segundo o Clarín, Lula teria pedido à presidente da Filnlândia, Tarja Kaarina Halonen, para intervir junto à empresa finlandesa Botnia, hoje no centro da “crise das papeleiras”. Ele teria pedido que a empresa parcialmente estatal adiasse a retomada das obras da fábrica até que Uruguai e Argentina resolvessem suas tensões.

O pedido – que teria sido feito no último dia 6, durante a visita de Halonen ao Brasil – é, diz a publicação argentina, “precisamente o que demanda o presidente Néstor Kirchner, que ontem (quarta-feira) pediu à Finlândia ‘que assuma a sua responsabilidade e colabore’ com a resolução da disputa”.

A Argentina se opõe à construção da fábrica da finlandesa Botnia e da espanhola Ence por causa de temores em relação ao impacto ambiental do projeto sobre o rio Uruguai, que serve os dois países.

Ambientalistas e moradores das cidades fronteiriças estão bloqueando o acesso por terra ao Uruguai. Os protestos foram suspensos temporariaremente depois que a Botnia se comprometeu a interromper as obras, mas foram retomados quando a empresa finlandesa deixou claro que a construção continuaria.

O Uruguai se recusa a abrir mão do projeto, que significaria o maior investimento privado que já recebeu, ou cerca de US$ 1,7 bilhão.

‘Sócio privilegiado’

O Clarín cita outras iniciativas brasileiras na mediação da crise, que, para a correspondente do jornal, preocupa o governo Lula pelo eventual impacto que pode ter no Mercosul e na reunião de cúpula entre América Latina e União Européia, no próximo dia 11.

Para a correspondente, o Brasil se mostra “equidistante” nas palavras, mas na prática “acaba por privilegiar a sociedade com a Argentina”.

“Pelo que se sabe, Tabaré (Vázquez) já pediu ajuda explícita a Lula da Silva. Curiosamente, Kirchner não fez o mesmo. E, no entanto, a balança do Brasil parece inclinar-se a favor do seu sócio privilegiado.”

A correspondente também diz ter apurado junto a fontes do Itamaraty que o Brasil não vê com bons olhos o encaminhamento do caso ao Tribunal Internacional de Haia – como quer a Argentina. Essas fontes teriam lhe dito que o processo demoraria três anos para ser resolvido, período em que as tensões entre os dois países aumentariam, ameaçando a “sobrevivência” do Mercosul.

“Nesse contexto”, diz o jornal, “Lula e Amorim se preocupam com a próxima cúpula entre América Latina e Europa, prevista para 11 de maio em Viena”.

“Se a irritação de Kirchner e Vázquez sobe de tom, e pioram as relações com a Finlândia, a mega-reunião da Áustria será um fracasso.”

“Mercosulização”

Outro jornal argentino, o La Nación, diz que o governo Kirchner está tentando não dar força à estratégia uruguaia de “mercosulizar” a disputa.

O diário cita como prova disso a decisão de enviar o secretário de Relações Econômicas Internacionais, Alfredo Chiaradía, e o subsecretário de Integração Econômica, Eduardo Sigal, para se reunir com funcionários de Brasil, Paraguai e Venezuela a fim de “tentar desativar o clima de receio interno no Mercosul e, em particular, afastar a possibilidade de que o bloco tome como próprio o conflito com o Uruguai”.

Segundo o La Nación, o governo também resolveu esperar os 15 dias previstos no prazo para contestar o Uruguai no processo apresentado ao Tribunal de Solução de Controvérsias do Mercosul.

“A Casa Rosada aposta que os manifestantes cumpram com a sua promessa de levantar os bloqueios no mesmo dia em que for apresentada a queixa na Holanda, o que ocorreria entre fins de abril e princípio de maio.”

Estados Unidos e China

Nos Estados Unidos, o jornal The New York Times ironiza em editorial as pressões do governo americano sobre a China para conter o seu consumo de petróleo.

Em um texto intitulado “Como você ousa usar o nosso óleo!”, o jornal diz que, quando se reunir com o líder chinês Hu Jintao nesta quinta-feira em Washington, o presidente George W. Bush pretende reclamar que o “apetite” da China por petróleo está afetando a sua posição nas crises do Irã, do Sudão e outras regiões problemáticas do mundo.

“A China está simplesmente agindo como todo mundo: subjugando a sua política externa às suas preocupações com energia. Os Estados Unidos fazem isso também – prova disso é o seu antigo relacionamento com a Arábia Saudita”, afirma o NYT.

Por outro lado, o jornal cita as perspectivas de crescimento da China como “alarmantes”, lembrando que o país está crescendo a um ritmo de 8% a 10% por ano e que a sua demanda de energia deve aumentar 150% até 2020.

“Até 2010, a China deve ter 90 vezes mais carros do que tinha em 1990 e provavelmente terá mais carros do que os Estados Unidos até 2030”, acrescenta o NYT, sobre o país que recentemente se tornou o segundo maior consumidor de petróleo do mundo.

O jornal argumenta que os Estados Unidos “não têm o direito de dizer a um terço da humanidade para voltar às suas bicicletas porque a festa acabou”.

“Claramente Bush e Hu devem abordar a questão da energia de uma forma verdadeira e significativa. Isso só pode ser feito se os Estados Unidos ajudarem a China a encontrar fontes alternativas de energia e mostrarem que estão fazendo o mesmo”, opina o New York Times.

Mudanças no governo Bush

Em outro editorial, o jornal critica as mudanças na equipe de Bush. Para o NYT, Bush quer mostrar ao país que está realmente mexendo nas pessoas que o cercam, mas está claro que quem errou vai continuar onde está.

O editorial cita o que considera os três maiores erros do atual governo: a condução da guerra do Iraque, o tratamento de prisioneiros e a política fiscal. Segundo o jornal, não houve mudanças reais em nenhuma dessas áreas. No caso do orçamento, assumido pelo ex-representante do Comércio Robert Portman, trata-se de uma “velha cara” com “uma nova etiqueta”.

“O presidente é como essas pessoas que pretendem se desculpar dizendo que sente muito se foi mal compreendido. Ele não acredita que tenha feito nada de errado. É nossa culpa não apreciá-lo”, conclui o editorial.

Já o jornal Washington Post vê nas mudanças um reconhecimento das dificuldades em que Bush se encontra.

O jornal destaca a decisão de tirar o chefe de gabinete Karl Rove do cargo para se concentrar na campanha republicana para as eleições parlamentares de novembro, que, segundo o Post, preocupam cada vez mais o partido do presidente.

“A volta de Rove a um papel que se assemelha ao que ele desempenhou no primeiro mandato de Bush demonstra quanto a Casa Branca se voltou para um modo de sobrevivência – e quão longe os eventos que afastaram o presidente das grandes ambições com as quais ele iniciou o segundo mandato há apenas 15 meses.”

Irã

Dois jornais russos vêem pouco sinal de avanços na crise em torno do programa nuclear do Irã.

O diário Moskovskiy Komsomolets define como “fracasso total” o resultado da reunião entre representantes russos e americanos em Moscou.

Outro jornal russo, Rossiyskaya Gazeta, diz que restam poucas dúvidas sobre a disposição de Washington de agir contra o Irã.

“O fato é que se o Irã continuar ignorando as decisões da comunidade internacional, outros participantes terão que aceitar as conclusões de Washington mais cedo ou mais tarde”, afirma a Gazeta.

Membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a Rússia tem se oposto à imposição de sanções ao Irã, como querem os Estados Unidos.

Fonte: Folha Online com BBC Brasil

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