O ex-presidente nacional do PT José Genoino afirmou hoje que maior erro do PT na crise política foi a questão do financiamento das campanhas eleitorais, mas procurou se eximir de culpa em relação aos empréstimos bancários e ao uso de caixa dois pelo partido.
Segundo Genoino, em sua passagem pela presidência do PT ele concentrou sua atenção na defesa do partido e do governo Lula e na relação com a militância e com as bancadas. “Sempre explicitei perante o PT que minhas tarefas não incluiriam a administração nem as finanças do partido”, afirma, em carta aberta publicada pelo site do PT.
Na carta, o ex-deputado federal procura justificar sua posição sobre os dois empréstimos bancários feitos entre o partido e o banco BMG, e que precipitaram sua saída do cargo. Após afirmar que as operações foram feitas em um momento de “dificuldades financeiras” da legenda, Genoino diz que “esses empréstimos foram rigorosamente legais, fazem parte da prestação de contas do PT dos anos de 2004, 2005 e 2006, e estão sendo renegociados judicialmente”.
Em julho de 2005, foi revelado que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza negociou e avalizou pelo menos dois empréstimos –de R$ 2,4 milhões e R$ 3 milhões– do BMG ao PT. As operações, autorizadas por Genoino, serviram para mostrar que Valério tinha relações com o partido que iam além da prestação de serviços de comunicação.
O ex-presidente nacional do PT ainda lista entre outros erros do PT o fato da legenda não superar “a informalidade na ação dos dirigentes”, em uma provável referência à atuação do ex-tesoureiro Delúbio Soares, que segundo a versão defendida pelo partido, agiu sem conhecimento sem conhecimento e autorização expressa da cúpula.
Apesar da crítica ao PT, Genoino não poupa também a imprensa nem os adversários políticos. “Assim como o predador persegue sua caça, a mídia busca obsessivamente o espetáculo”. Para o ex-deputado, a imprensa “julga e condena sumariamente, mistura público e privado, promove o vale-tudo”.
Folha Online
