O ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe classifica como "promíscua" e "mesquinha" a relação entre os poderes Legislativo e Executivo, devido ao grande número de parlamentares que o procuravam para pedir aprovação de emendas.
"Me diziam para eliminar a burocracia", contou o ex-ministro em depoimento hoje (8) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Sanguessugas. Segundo ele, isso na prática significava uma sugestão para impedir os sistemas de controle. Saraiva Felipe ressaltou que recebeu muitas queixas por não ter uma "posição facilitadora".
Para ele, tal situação gera "promiscuidade, porque parlamentar não se reelege pelo seu desempenho, mas pelo número de emendas que tem". "É uma relação mesquinha que precisa ser mudada para não termos periodicamente escândalos. Recebi pedidos pouco republicanos a pencas".
O depoimento durou só uma hora e meia, já que apenas sete parlamentares estiveram presentes. Como só o senador Wellington Salgado (PMDB-MG) se inscreveu para fazer questionamentos, Saraiva aproveitou para sugerir que as emendas individuais sejam extintas e as propostas de bancadas partidárias passem "por um agente público, que poderia ser a Caixa Econômica Federal".
O relator da CPMI, deputado Amir Lando (PMDB-RO), pediu que as sugestões fossem mandadas posteriormente por escrito para ajudar o Congresso "a combater". Referia-se às emendas suspeitas que são objeto de investigação desta comissão, por terem permitido a compra superfaturada de ambulâncias com recursos do Orçamento.
O ex-ministro negou que conhecesse os empresários donos da Planam, Darci e Luiz Antonio Vedoin, pai e filho. "Nunca me reuni nem com o pai, nem com o filho, nem com o Espírito Santo", afirmou.
Negou também que tenha se reunido com o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) para tratar da aprovação de emendas. "Não me lembro de o senador ter me procurado. Das emendas dele, nada foi atendido porque não estavam de acordo com as normas de convênio". E completou: "O que for dentro da norma, não precisa se reunir com ministro".
Fonte: Terra