A indicação do novo líder do governo na Câmara dos Deputados já motiva um novo racha na base aliada. O cargo ocupado pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) até quinta-feira passada, quando ele foi eleito presidente da Câmara, está na mira de três partidos: PMDB, PSB e PTB.
Para conquistar o apoio do PTB à sua candidatura, Chinaglia teria se comprometido a trabalhar para fazer do deputado José Múcio Monteiro (PE) o seu sucessor na liderança.
O petebista já deixou a liderança da bancada na Câmara para o deputado Jovair Arantes (GO) e está "livre" para assumir qualquer cargo. Interlocutores do deputado dizem, porém, que ele quer mesmo uma vaga de ministro e já teria mandado este recado para seus "adversários" na disputa pela liderança.
PSB
Com a eleição de Chinaglia para comandar a Câmara, quem assumiu a liderança do governo na Casa foi o vice-líder, o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS). Nos bastidores, partidários de Albuquerque têm afirmado que nada mais justo do que ele continuar no cargo. O parlamentar já ocupou a liderança quando Chinaglia sofreu um acidente de carro no ano passado e conduziu votações importantes na Câmara.
A indicação do deputado também é interpretada por lideranças do PSB como forma de o presidente Lula se reaproximar do partido. A pedido de Lula, o PSB apoiou a candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP) na disputa pela presidência da Câmara, mas acabou isolado depois que o presidente decidiu que não iria mais interferir na disputa. A bancada do PSB se queixa ainda de ser a única a não ter conversado com o presidente depois da reeleição.
PMDB
O problema é que o PMDB também cobra a vaga de líder como recompensa por ter ajudado a eleger Chinaglia para a presidência da Câmara. O indicado do partido é o deputado Eunício Oliveira (CE). A Folha Online apurou que há um acordo de bastidor pelo qual se Múcio for indicado para assumir um ministério, ele apoiará o nome de Eunício para a liderança do governo.
A indicação para a liderança é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O cargo é disputado porque seu titular tem acesso direto ao presidente, faz a ponte entre o Planalto e os líderes dos partidos aliados e é responsável pelas negociações de projetos importantes.
Além do poder político, o líder do governo tem uma estrutura na Câmara que os demais parlamentares não contam. O gabinete é bem maior, está localizado num espaço privilegiado e acomoda ao menos oito funcionários fora do quadro.
Congresso
Para acomodar os aliados, o governo tem ainda a liderança do governo no Congresso. Para o cargo podem ser indicados deputados ou senadores. O último a ocupar a vaga foi o senador Fernando Bezerra (PTB-RN), que não se reelegeu. Especula-se que ele será substituído pela senadora Roseana Sarney (PMDB-MA). Neste caso, o PMDB já estaria contemplado, pois o partido deverá ter também a liderança do governo no Senado. O senador Romero Jucá (RR) deve permanecer no cargo.
A indicação de Roseana seria uma retribuição do presidente Lula ao apoio que ele recebeu na campanha do senador José Sarney (PMDB-AP). E ainda ao fato de Sarney ter aberto mão de disputar o comando do Senado e permitido assim a reeleição de Renan Calheiros (AL).
Folha Online