Política

Disputa no PMDB paralisa PAC e adia novo ministério

Nelson Jobim e Michel Temer conversaram hoje de manhã. O encontro foi no apartamento de Jobim

Nelson Jobim e Michel Temer conversaram hoje de manhã. O encontro foi no apartamento de Jobim. Não houve acordo. Ambos devem acabar disputando a presidência do PMDB na convenção nacional da sigla, pré-marcada para daqui a pouco mais de um mês, em 11 de março, um domingo.

Gaúcho de Santa Maria, Jobim tem 60 anos e foi deputado federal constituinte, ministro da Justiça de FHC (1995-1997) e integrante do STF (1997-2006). Está no páreo com o apoio da ala dos senadores do PMDB. Ontem, o senador Pedro Simon (RS) fez um discurso de apoio. “Muitos governadores têm me procurado para dar apoio ao nome do Jobim”, disse Simon. É verdade. A maioria tende a apoiar Jobim, pois se sentem reféns dos deputados da sigla se Michel ficar na cadeira.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o ex-presidente da República e hoje senador José Sarney (AP) também engrossam o time de Jobim.

Michel Temer é paulista de Tietê, tem 66 anos e longa carreira política. Está no seu 6º mandato consecutivo de deputado federal. Só teve um partido na vida, o PMDB. Presidiu a Câmara duas vezes (1997-1998 e 1999-2000). É o atual presidente nacional da agremiação. Assumiu o cargo em 2001. Tem o apoio de grande parte da ala dos deputados da sigla para continuar no comando. Entre seus apoiadores estão o deputado Henrique Alves (RN), atual líder da bancada na Câmara, e Geddel Vieira Lima (BA), sempre listado como ministeriável de Lula.

O embate entre Jobim e Michel estava cantado desde o ano passado. Ficou em suspenso por conveniência de ambos. Agora, um pouco fragilizada, ala do PMDB do Senado quer se contrapor ao avanço da ala da Câmara. Já cabalou apoio dos governadores peemedebistas (embora André Puccinelli, do Mato Grosso do Sul, ainda esteja com Michel).

O PMDB na Câmara foi o principal fiador da eleição de Arlindo Chinaglia (PT-SP) para a presidência da Casa. Por extensão, o PT hoje defende quando pode a gestão de Michel à frente do PMDB.

O Palácio do Planalto emite sinais ambíguos a respeito. Não é segredo que Lula nunca teve intimidade com Michel Temer –embora esse gelo tenha sido quebrado nos últimos tempos. Também é público que o presidente da República gosta de Nelson Jobim e até quis tê-lo como ministro. Se for para apostar, pode-se dizer que Lula ajudará Jobim nessa empreitada.

Os candidatos falam pouco. Michel disse o seguinte depois de se encontrar com Jobim: “Não houve conclusão depois da conversa. Eu sou candidato, embora considere necessário que tentemos alguma composição”. Jobim fala pouco: “Sou candidato”. 

UOL

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