Política

Congresso nega “pizza da sanguessuga” e diz que investigação será mais

Esquema de compra superfaturada de ambulâncias com dinheiro da União vinha sendo investigado pela Corregedoria da Câmara, pois havia a suspeita de envolvimento

Os integrantes do Congresso rejeitam o rótulo de “pizza” para a transferência das investigações sobre a máfia das ambulâncias para a Procuradoria Geral da República. O esquema de compra superfaturada de ambulâncias com dinheiro da União vinha sendo investigado pela Corregedoria da Câmara, pois havia a suspeita de envolvimento de 16 parlamentares.

No entanto, como o número de suspeitos pode chegar a 30, o Congresso repassou as investigações para a Procuradoria, pois alega que não tem estrutura para assumir uma sindicância desse porte.

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), nega que a mudança vá significar uma “pizza”. “O Congresso está interessado na investigação, na apuração da responsabilidade e na punição dos deputados”, disse ele. “O poder público tem mais condições de produzir investigações com mais celeridade.”

O corregedor da Câmara, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), afirma que a transferência da investigação para a Procuradoria não tornará a vida dos suspeitos mais fácil. “Não sei se eu fosse culpado se estaria mais feliz [com a mudança]. Estaria muito mais preocupado agora, porque a Procuradoria tem mais condições de produzir provas que a Corregedoria.”

Segundo ele, a Procuradoria tem mais poder de investigar que a Corregedoria. “A Procuradoria não pode quebrar sigilo, por exemplo.”

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, pode concluir parte das investigações em uma semana e enviar um relatório para o Congresso. “Ele vai nos informar passo-a-passo [da investigação] de modo que se possa separar o joio do trigo.”

“Numa semana o procurador vai recolher os indícios, fazer perícias e representações contra as quais há dados concretos. Tão logo chegue essas informações, o papel das duas Corregedoria é encaminhar direto para o Conselho de Ética”, afirmou Renan.

Segundo ele, a decisão de repassar as investigações para a Procuradoria foi tomada para que não houvesse uma “sobreposição” e para a apuração fosse mais rápida.

Perguntado sobre a diferença desse caso e da denúncia do mensalão, que originou uma CPI, Renan afirmou que as investigações políticas ocorrem quando as coisas não ocorrem na Justiça”.


Folha Online

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