Especialistas britânicos estão trabalhando no desenvolvimento de uma pílula anticoncepcional que não aumente os riscos de câncer de mama e que, ao contrário, ajude a prevenir esta e outras doenças.
A expectativa dos cientistas é de que a nova droga esteja disponível em cinco anos.
De acordo com David Baird, professor da Universidade de Edimburgo, a nova pílula talvez possa evitar fibroses, endometriose e a tensão pré-menstrual.
A pílula funciona à base da droga mifepristona, utilizada na composição da pílula do aborto, a polêmica RU 486.
Ela suspenderia o ciclo menstrual ao bloquear a ação do hormônio progesterona, que ajuda o corpo a se preparar para a gravidez.
Os cientistas acreditam que a pílula possa também reduzir o risco de trombose em mulheres mais velhas, que fumam ou estão acima de seu peso ideal.
Riscos
Pílulas atuais, que funcionam à base de uma combinação de estrogênio e progesterona, têm sido associadas ao câncer da mama.
Alguns especialistas acreditam que o efeito seria causado pelo estrogênio.
Esta teoria, no entanto, é bastante refutada por cientistas que argumentam que, pelo contrário, a pílula “combinada” ajudaria a proteger contra outros tipos de câncer, como os de útero e ovário.
Baird afirma que testes com animais indicam que a nova pílula pode inibir o câncer da mama. Ele diz acreditar que é possível que a droga tenha o mesmo impacto em células humanas.
“Em teoria, não há razão para que a nova pílula aumente o risco do câncer no seio, uma vez que ela não contém estrogênio”, explica.
“Se você reduz a exposição cíclica do ovário aos hormônios ovarianos estrogênio e progesterona, você deveria, na verdade, estar reduzindo o risco de câncer do seio”, acrescenta o pesquisador.
A pílula foi testada em dois grupos de cerca de 90 mulheres com resultados positivos e, de acordo com os cientistas, poucos efeitos colaterais.
O professor Baird enfatiza, no entanto, que estudos em grande escala são necessários para que os benefícios e possíveis malefícios sejam avaliados.
Repercussão
Anna Glasier, médica da London School of Hygiene and Tropical Medicine, diz que a idéia de que é pouco natural suspender o ciclo menstrual é “completamente errônea”.
Glasier argumenta que, no passado, as mulheres passavam anos sem menstruar, seja porque estavam freqüentemente grávidas ou amamentando.
Já a médica Rosemary Leonard alerta para a necessidade de pesquisas para que se conheçam os efeitos da pílula a longo prazo.
“No momento em que você fala em interromper a ação dos ovários, você tem de olhar o sistema hormonal como um todo”, diz.
“E aí vem a pergunta: o que isso representa para a saúde a longo prazo?”, questiona.
Fonte: BBC Brasil
Cientistas buscam pílula que reduza risco de câncer
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