Política

Brasil quer que líderes decidam sobre Doha

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O governo brasileiro espera que o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso – que começa nesta quarta-feira uma visita de três dias ao país –, aceite mudar a linha de negociações da União Européia sobre a Rodada de Doha.

O Brasil quer envolver no debate sobre a rodada –que trata da liberalização do comércio global na Organização Mundial do Comércio (OMC) – os chefes de Estado. É isso o que diz uma uma fonte diplomática brasileira em Bruxelas.

“(O presidente) Lula tem uma visão muito particular da situação: acha que os ministros, por mais competentes que sejam, não estão resolvendo muita coisa. O Mandelson (comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson) está muito amarrado e a alternativa é tentar evoluir nas negociações politicamente, já que no nível técnico ficou tudo estancado.”

A conversa sobre Doha foi incluída na agenda de Barroso no Brasil pedido de Lula.

Mudança

Segundo o diplomata brasileiro, o Brasil espera uma visita de Durão Barroso desde o ano passado. Apesar de a Comissão Européia culpar a falta de tempo de seu presidente pelo atraso da viagem, a data finalmente acordada – início de junho – coincide com o mês considerado pelo comissário europeu Peter Mandelson como “crucial” para a conclusão da Rodada de Doha.

Desde a Cúpula de Viena, realizada entre a União Européia e os países latino-americanos e caribenhos em maio, o presidente brasileiro tem manifestado a intenção de mudar de estratégia.

O primeiro passo foi dado na semana passada, com a visita do presidente francês Jacques Chirac ao Brasil. A França é um dos países que mais defendem as medidas protecionistas da UE sobre sua agricultura.

O diplomata brasileiro afirma que a mudança buscada por Lula e que, acredita-se, sera aceita por Durão Barroso não desqualifica o trabalho realizado até agora pelo comissário Mandelson.

“De forma nenhuma. Significa que os dois lados tentarão chegar a um acordo por mais uma via. Quer dizer que pelo caminho que estávamos tentando não está funcionando, então agora vamos tentar de outra forma.”

Mássimo D’Alema, ex-presidente da comissão para o Mercosul do Parlamento Europeu e atual ministro italiano de Relações Exteriores, defende que o presidente do Executivo europeu é, de fato, o intermediário mais indicado para concluir as negociações.

“Durão Barroso quer um acordo e está mais aberto a novas propostas. Já Mandelson nunca se mostrou muito empenhado”, disse.

O Brasil também espera que a visita do mandatário europeu reforce as relações políticas entre o país e os europeus, de acordo com o diplomata brasileiro.

“Hoje em dia a União Européia tem uma relação política muito mais forte com outros países em desenvolvimento, como Rússia e Índia, que com o Brasil”, afirma.

“A relação com nosso país ficou refém do acordo com o Mercosul que, por sua vez, está refém da Rodada de Doha. Com o atraso das negociações, ficamos prejudicados.”

Fonte: Folha Online

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