Boa parte dos casos de violência doméstica que culminam em feminicídio parecem seguir um roteiro bastante semelhante entre si. Geralmente começam como uma suspeita de traição, na maioria das vezes infundada. Logo em seguida, começam a perseguição, as ameaças, os episódios de violência física e psicológica até que, não raro, culminam com a mulher assassinada. No caso ocorrido no último final de semana em Campina Grande, quando Juliete Alves da Silva foi morta com um facão pelo marido, não foi diferente.
Segundo a delegada que cuida do caso, Elizabeth Beckman, o marido afirmou em depoimento à polícia que suspeitava que vinha sendo traído há cerca de sete meses. Ele alegou que a mulher estava se comportando diferente, andava fria e distante e por isso passou ele passou a desconfiar.
O caso se tronou ainda mais chocante, porque após o crime, o acusado limpou em uma bíblia a arma utilizada para o sinistro. O casal frequentava uma igreja evangélica.
A investigação foi concluída e o suspeito está preso.
Feminicídio
Esse é o primeiro caso considerado como feminicídio em Campina Grande. Porém, a delegada relata que tem havido muitas mortes de mulheres com o mesmo perfil da vítima. “Alguns homens ainda se acham proprietários das esposas/namoradas e não admitem ou aceitam tranquilamente a independência de trabalho, de vida social. O caso específico aqui em Campina, o casal era tido como espelho pelas pessoas da comunidade e da igreja”, contou
A delegada alerta que as mulheres precisam estar mais atentas a esses sinais, e mesmo diante de coisas pequenas e que considere sem importância procurar auxílio das delegacias, centros de referência, amigas ou pessoas da comunidade que possam ver a situação de fora, nem que seja para aconselhamento.