A ex-mulher de André Ribeiro da Silva, que ficou por mais de 10h como refém do camelô durante a sexta-feira (10) no ônibus da linha 499, falou sobre os acontecimentos.
A técnica em radiologia disse que não guarda mágoa do ex-marido, mas quer que ele fique preso para aprender a lição. "Nada é mais importante do que é você viver, né, e ajudar as pessoas. E que ele pelo menos, tire disso uma lição, né".
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Cristina explicou que se separou de André porque ele a trancava em casa, sem deixá-la sair. "Ele me prendia dentro de casa pra eu não sair para trabalhar, por ele achava que eu ia ser melhor do que ele", diz. Com a separação, André começou a persegui-la. "Ele me persegue por todo lugar que eu vou, quando eu acordo ele está na esquina. Quando eu vou pro trabalho ele está na porta do trabalho", explicou. Cristina contou ainda que o ex-marido chegou a dizer que ela não merecia estar viva: "ele me machucou bastante, gritava apertava meu pescoço". Durante o seqüestro, ela sofreu microfraturas nos ossos do rosto e alguns hematomas.
Imagens exclusivas (assista ao vídeo), feitas com telefone celular, mostram que André segurava a ex-mulher Cristina, pelos cabelos e apontava a arma para a cabeça dela. Passageiros, em certo momento, tentaram acalmar o sequestrador: "André, a gente vai descer contigo", diz alguém.
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Seqüestrador chora e se diz arrependido
Na porta da 52a.DP (Nova Iguaçu), parentes de André Ribeiro, que estiveram com ele após o fim do seqüestro disseram que o camelô contou ter se arrependido do que fez. "Ele chorava muito e estava preocupado com a Cristina e as crianças. Sabia que ele ia acabar se acalmando", disse Rosemary da Silva Costa, de 44 anos, irmã de André, que acrescentou que o advogado deve entrar com recurso para que ele aguarde o julgamento em liberdade.
A irmã de André Ribeiro, que tem ainda mais cinco irmãos, afirma não saber a origem da arma usada por ele para manter a ex-mulher Cristina, refém, junto com 40 passageiros no interior do ônibus 499 (Cabuçu-Central do Brasil) da Viação Tinguá. "Acho que ele conseguiu esta arma ontem", disse Rosemary que revelou ter sabido do incidente envolvendo André e Cristina pela televisão.
Bope ensaiou resgate do ônibus
Quinze agentes do Batalhão de Operações Especias da Polícia (Bope) fizeram uma simulação de operação de resgate num ônibus idêntico ao ocupado, enquanto acontecia o seqüestro. A viação Tinguá, que administra a linha 499, cedeu um ônibus idêntico ao que foi palco do drama da sexta-feira (10) para que os policiais pudessem treinar o resgate dos reféns. O treino foi feito no pátio do 20o Batalhão da Polícia Militar, em Nova Iguaçu.
Gilmar Tramontini, oficial de operações do Bope, também acrescentou que André será processado não só por porte ilegal de arma como também por disparo de arma de fogo.
"Houve realmente um disparo. Segundo informações dos nossos negociadores, a população que passava pelo local proferia palavras de baixo calão para o tomador de refém. Em um desses momentos, ele efetuou um disparo", conta.
Cristina já tinha sido refém
Esta não foi a primeira vez que André Ribeiro tenta seqüestrar a ex-mulher. No início do ano, o camelô manteve Cristina presa durante uma semana em Santos, litoral paulista.
Em setembro, a situação se repetiu quando André pegou a técnica em radiologia no trabalho, no Centro de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, e a trancou durante quatro dias em um motel.
Depois desse episódio, Cristina, mãe dos três filhos de André, prestou queixa contra o ex-marido na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Nova Iguaçu.
Fonte: Globo.com