O advogado Luis Pereira, que defende duas mulheres, presas em janeiro sob suspeita de vender imagens íntimas de uma criança de 11 anos, garante que houve falha na investigação. A prisão das suspeitas, mãe e avó da criança, aconteceu durante uma operação da Polícia Civil da Paraíba contra abuso sexual infantil, como acompanhou o ClickPB.
“Elas estavam sendo acusadas de vender imagens pornográficas. O processo segue em segredo de Justiça. Tivemos a investigação, que foi conduzida de maneira falha. Desde os primeiros momentos havia informação de que a mãe e a avó não eram autoras do comércio de imagens pornográficas. A própria menor disse isso”, iniciou o advogado.
Ele ressaltou que o inquérito induziu ao magistrado a ideia de que elas deveriam ser presas. “Tivemos a oportunidade de contradizer todas as provas. Elas não foram ouvidas ainda e já temos uma sinalização de que o fato não se deu como os investigadores concluíram. Tivemos duas pessoas inocentes presas e que estão tendo a sua liberdade restabelecida neste momento. Estamos revelando as verdades dos fatos, para que diante da preliminar o Judiciário as tenha colocado em liberdade”, afirmou.
Luis Pereira ressaltou ainda: “Vamos esperar o trânsito em julgado, buscar absolvição e se for o caso buscar indenização do Estado. Tivemos o linchamento público nas redes sociais. Alerto o quanto isso é perigoso. O julgamento do tribunal da internet é muito perigoso”, disse.
Segundo ele, há dez anos houve um linchamento no qual uma mulher foi confundida com outra que fazia magia negra. Essa mulher, como observou o advogado, foi encontrada e linchada até a morte. Depois descobriu-se que era inocente.
“Precisamos tratar isso com muito cuidado. Houve uma falha grande e grave na implicação da autoria. A mãe e a avó não praticaram nenhum crime. O inquérito já mostrava evidências disso. Não posso me calar diante de um erro de investigação que prende duas pessoas injustamente”, completou.
Entenda o caso
De acordo com a Delegacia de Crimes Cibernéticos (DECC), a investigação apontou que as familiares, mãe e avó da criança, filmavam a criança sem roupa, mostrando as partes íntimas e vendiam os conteúdos. Na época em que foram iniciadas as investigações, em 2022, a vítima tinha 11 anos.
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