Um vídeo gravado com uma câmera escondida mostra o momento em que a delegada Maria Solidade de Sousa afirma que precisa de dinheiro para combinar com assessores de juízes o arquivamento de um inquérito contra um servidor público.
A delegada e o escrivão da Polícia Civil, Alexandre Sousa, foram presos pelo crime de concussão na última quinta-feira (22), em uma operação que foi batizada de ”Cara de Pau”.
O servidor, um agente da Polícia Rodoviária Federal, foi convencido a pagar R$ 5 mil para que um inquérito contra ele fosse arquivado. No vídeo, gravado pelo próprio policial, ele questiona se seria necessário pagar a ”outra parte daquela quantia de dinheiro que a senhora exigiu para entregar a assessor de juiz”.
A parte da quantia a que ele se refere é o equivalente a R$ 2,5 mil, já que metade do valor já havia sido pago anteriormente.
A delegada diz que sim, e ressalta que tinha acabado de falar com os assessores de juízes. ”Pra quando chegar lá, já chegar todo organizado, entendeu? Não é pra chegar lá e depois você ir deixar [o dinheiro], porque eles não acreditam”, diz a delegada justificando a necessidade de receber o valor.
Ela também diz que ele não é obrigado a fazer o pagamento. ”Se você não quiser também, não tem problema”. O policial então questiona se o processo não será mais complicado e demorado se ele não fizer o pagamento, e tanto a delegada quanto o escrivão dão a entender que sim. ”A delegada vai apontar pelo arquivamento”, diz o escrivão.