O suposto traficante Sirlei Menezes da Silva alegou inocência da acusação de ter matado o rapper Mauro Mateus dos Santos, o Sabotage, e relatou ter sido torturado por policiais civis durante a investigação. Ele negou, inclusive, ser o chefe do tráfico de drogas na Favela da Paz, onde a vítima morou e atribuiu a acusação da morte do rapper a membros do PCC. ¿Se eu fosse mesmo perigoso, minha mulher não teria me abandonado em 2006¿, disse.
Começou por volta das 15 horas o julgamento de Sirlei, foram ouvidas cinco testemunhas, sendo três de acusação (duas delas secretas), uma compartilhada e uma de defesa. Todas as testemunhas de acusação relataram que Sirlei é um temido traficante da comunidade localizada na zona sul de São Paulo e que teria feito uma festa com rojões para comemorar a morte do rapper. O assassinato teria sido cometido por vingança em função de uma morte gerada por conflitos relativos a pontos de vendas de drogas.
A linha da defesa é colocar Sirlei como um trabalhador sobre o qual foi ¿plantada¿ a acusação do crime. No prosseguimento de seu interrogatório, Sirlei afirmou ter sido pressionado por um delegado de polícia a inventar ¿alguma história¿ para se ver livre da acusação da morte do rapper. Ele disse ter ido à delegacia apenas três vezes em sua vida, antes de ter sido preso.
Uma das testemunhas, que é policial, foi chamado pelo réu de ¿salvo-engano¿, numa ironia por sua retórica, a seu ver indecisa. ¿Passei um dia inteiro apanhando, das 8h da manhã às 10h da noite. Este polícia (sic), o salvo-engano, era o que mais me batia, me dava coronhadas com a metralhadora¿, disse o réu.
Questionado pelo promotor público Carlos Roberto Talarico se teria feito exame de corpo de delito após as sessões de tortura, Sirlei justificou os laudos negativos dizendo que chegava a ficar três horas colocando uma sacola com gelo sobre as regiões espancadas. Ainda de acordo com o réu, na época do crime sua mãe estava em estado terminal de câncer e ele estaria no hospital na véspera e iria voltar para o hospital mediante transporte público no dia do assassinato do rapper.
Ele disse, ainda, ter sugerido que os policiais procurassem as filmagens do circuito de segurança do Metrô para comprovar que ele esteve nas estações Brás e Bresser no dia 24 de janeiro de 2003, data da morte de Sabotagge. Atualmente Sirlei não tem advogado contratado e é representado pelo defensor público Marcelo Carneiro Novaes.
Até o momento da pronúncia, no entanto, ele teve advogados contratados. O julgamento, conduzido pela juíza Fabíola Oliveira Silva, foi suspenso após mais de sete horas no Fórum Criminal da Barra Funda e deve ser retomado às 9h30 dessa terça-feira.
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