Paraíba

Segurança no Campus: Roubos na UFPB duplicam e implantação de Sistema

Só de segunda à quarta-feira (29), foram registrados quatro furtos de sons dos mais de 8 mil veículos que trafegam diariamente no Campus

“O objeto não pertence à repartição, então nem nós, nem a polícia militar podemos tomar atitudes. Eu expliquei a eles que tinha informações relativas à repartição gravadas na memória dele. Mas mesmo assim eles não poderiam vir. Seria de alçada da Polícia Civil, o senhor terá que prestar uma queixa na Polícia Civil com relação ao furto. Eu posso ir até aí para saber como aconteceu, mas infelizmente é só isso.” Este foi o diálogo acompanhado pela reportagem do ClickPB já na recepção da Coordenação de Segurança do Campus I da Universidade Federal da Paraíba na última quinta-feira (30).

De um lado, o agente de segurança Damião Oliveira explicando os limites que regem a ação de segurança da Coordenação. Do outro lado da linha, um professor inconsolado reclamava o roubo do seu laptop, durante a ida ao banheiro, localizado ao lado da sala que havia acabado de dar aula. O laptop segue o mesmo perfil de outro objeto que se tornou alvo preferencial dos meliantes que atuam na cidade universitária – os tocas cd’s dos carros, que como os laptops, não pertencem ao patrimônio da Instituição – foco de proteção da Coordenação de Segurança do Campus.

Só de segunda à quarta-feira (29), foram registrados quatro furtos de sons dos mais de 8 mil veículos que trafegam diariamente no Campus. “A média é de cinco roubos de som por semana, já chegamos a três furtos por dia”, comenta o Coordenador Adjunto de Segurança João de Deus. Apesar do alto número de ocorrências, a primeira prisão só aconteceu no último dia 22.

O acusado, um estudante de engenharia de alimentos da própria Instituição, foi autuado em flagrante, após roubar um cd player de um carro estacionado na Central de Aulas, próximo ao portão do Departamento de Comunicação (DECOM). “É por lá que eles fogem, aproveitando que não há vigilante e se escondem na comunidade de São Rafael. “Fora da UFPB não podemos fazer mais nada”, explicou João de Deus que definiu a prisão como “um golpe de sorte”.

Mas a mesma “sorte” não se repetiu na última ocorrência já na quarta-feira (29). A mesma tática foi utilizada pelo ladrão. A vítima, Jacinta de Fátima, funcionária da Coordenação do Curso de Psicologia relatou que “ele tinha acabado de colocar o som na sacola. Era alto magro, de barba rala e muito bem vestido. Ninguém diria que é um ladrão.” Evanildo Barbosa, coordenador de Segurança explica. “Normalmente o infrator estuda o horário de sua vítima, sabe quando ele chega e volta, pela manhã este tipo de crime é mais comum, porque tem mais pessoas estudando.”

O segundo tipo de ocorrência mais freqüente, sobretudo nos finais de semana, é o de roubo ao patrimônio institucional, que segundo o Coordenador de Segurança, conta com o descuido dos usuários (professores e alunos): “temos um quadro reduzido e não podemos estar em todos os lugares ao mesmo tempo, às vezes dez, quinze alunos têm chaves do mesmo laboratório, e aí como se faz um controle disso? Quando eles não são descuidados, são os próprios agentes do furto. Esse assunto é delicado, mas a verdade é que 90% dos furtos ao patrimônio são realizados por pessoas de dentro da UFPB”, revela. Semanalmente, cerca de dois computadores são roubados, “nós já perdemos a conta do prejuízo”.

Além do efetivo reduzido de 120 homens, divididos em grupos de seis, que se revezam nos quadro turnos, em plantão 24 horas, a Coordenação de Segurança enfrenta outro problema – a falta de estrutura. Os fardamentos não são renovados há um ano, rádios de comunicação quebrados, e o pior, o único computador do prédio da Coordenação está quebrado há mais de seis meses. Desde então, as ocorrências são anotadas em um caderninho.

“Como podemos controlar mais de 170 hectares de área, 50% disso de Mata Atlântica, mal iluminada, e quase sem comunicação? Ainda não fazemos mágica”, ironizou Valderi Albuquerque, agente de segurança admitido no último concurso em 1994. “Agora ficou ainda pior porque tiraram os vigilantes móveis (motorizados) e os deixaram fixos nos estacionamentos, a agilidade agora é zero.” Ele afirmou ainda que graças a uma lei baixada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o concurso para seguranças e motoristas para Instituições Federais de Ensino foi extinto. “Agora são admitidos apenas os terceirizados, o que encarece a folha e compromete a continuidade do trabalho, porque são trocados anualmente, isso tem que ser revertido, porque câmeras de segurança não farão milagre.” Existe ainda em números bastante relevante, o caso de porte de drogas e práticas de atos libidinosos. “Principalmente à noite, quando as salas ficam vazias”, lembrou João de Deus.

O Campus I da Universidade Federal da Paraíba possui quatro guaritas, (nos finais de semana apenas uma fica aberta), e 28 entradas para pedestres. Recebe diariamente 3,8 mil funcionários, 2 mil professores, e mais de 21 mil alunos. A Instituição mantêm ainda um convênio com a Polícia Militar. “No caso de assalto a banco por exemplo, é a PM que resolve”, explica Valderi.

Para o Coordenador de Segurança, o clima é considerado tranqüilo. “Em 2001, em média dois carros eram furtados ao mês na UFPB, após a implantação do cartão viário, este tipo de ocorrência não se repetiu. Além disso, há quatro anos colocamos uma cerca ao redor da mata que antes facilitava a ocorrência de estupros e assaltos aos que usavam as trilhas para cortar caminho. E o mais importante, há mais de seis meses não registramos assaltos à mão armada no Campus, isso quer dizer que a segurança à pessoa física está preservada. Se o nosso objetivo é preservar o bem doméstico, estamos cumprindo a meta, porque a vida humana é o maior patrimônio da Instituição.”

O Pró-reitor da Universidade Federal da Paraíba, Marcelo Sobral desfere o alerta: “pedimos à comunidade que nos ajude, porque segurança, como polícia só trabalha baseada em informação”. O telefone de contato é (83) 3216-7120, informações também podem ser enviados para o endereço: seguranç[email protected].

Crimes graves: Um tipo de crime que choca a população e coloca a imprensa em alerta, é o de estupro. O último caso aconteceu em maio de 2004. A vítima foi uma ex-aluna do Curso de Fisioterapia. “O Portão estava fechado mais ela fez um buraco na cerca para cortar caminho”, relata Evanildo Barbosa. Em dez anos quatro estupros foram registrados.

Plano de Segurança Eletrônica: Aprovado no começo de janeiro, o Plano foi elaborado pela Coordenação de Segurança da UFPB. A primeira etapa de ampliação da malha de iluminação foi iniciada há 3 meses com a substituição de lâmpadas e colocação de 30 novos postes, o que corresponde a 60% de conclusão. A segunda fase é a substituição de cabos de internet, pelos de fibra ótica que também já começou. E a implantação das 180 câmeras começa no início do próximo semestre, quando deveria estar concluído. “Nossa Universidade foi projetada há 50 anos atrás, por isso terá que passar por uma grande adaptação, para receber as câmeras. Esta será a última etapa do Plano”, elucida Evanildo Barbosa.

Como irá funcionar: O projeto consta ainda de 250 sensores de presença e 50 botões de alarme, interligados pelo sistema de fios de fibra ótica, que levará as imagens, em tempo real, para os 8 servidores e monitores, instalados na Coordenação de Segurança. “Por meio do monitoramento de imagens, 24 horas, os agentes de segurança se dirigirão ao local imediatamente”, afirma Marcelo Sobral. Quanto à ameaça de redução de mão de obra, Evanildo tranqüiliza: “O quadro já é bem restrito, e será totalmente aproveitado para agir nos locais de registro. Câmera não autua, ou prende, apenas registra, é um complemento para agilizar o trabalho dos agentes” O custo total com aquisição e instalação dos equipamentos é de R$ 270 mil. Os novos equipamentos serão instalados preferencialmente nas quatro guaritas de acesso ao Campus, na Biblioteca Central, Reitoria, corredores dos centros de ensino e em áreas que concentrem laboratórios, onde são encontrados equipamentos de valor.

Outras ações: Além da implementação do Sistema de Segurança Eletrônica, uma parceria com a Prefeitura Municipal de João Pessoa, garantirá a instalação de novas guaritas, dois terminais de ônibus e um trabalho de recapeamento asfáltico, voltados para o anel externo e pontos de acesso à UFPB.

Andamento da Obra: Parte do material (60 câmeras e os 8 servidores) já foram adquiridos e o processo licitatório da obra é coordenado pela Funape (Fundação Nacional de Apoio à Pesquisa e Extensão). As empresas interessadas devem enviar propostas para a página de licitação no site do banco do Brasil (www.bb.com.br).

Vandalismo: A situação crítica é durante a realização de calouradas. “Já tivemos público de 1 mil pessoas, nós não temos capacidade para atender todo este público. O ideal seria que fosse estipulado um único local para a realização destes eventos, assim seria possível monitorar satisfatoriamente”, conclui Evanildo Barbosa.


Lívia Falcão
ClickPB

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