O biólogo Wilson Oliveira Junior, que é pesquisador do projeto Megafauna Marinha Ameaçada, em entrevista ao ClickPB, na tarde desta quarta-feira (14) falou sobre o episódio histórico que presenciou durante uma análise de campo nas águas do litoral paraibano. As câmeras instaladas por ele, em alguns pontos do mar, registraram a passagem de um tubarão-martelo-panã na região litorânea de João Pessoa, no dia 21 de março. O vídeo do avistamento foi divulgado no último dia 12.
Para a surpresa do pesquisador, as filmagens mostraram algo raro e pouco visto, o primeiro registro em vídeo de um tubarão-panã na Paraíba. “Segundo um dos meus orientadores, os registros que temos dessa espécie são da pesca acidental ao longo da costa. O tubarão-martelo-panã é uma espécie ameaçada de extinção, e raramente é encontrado em águas brasileiras. O animal tem um comportamento migratório muito grande. A espécie é encontrada nos Estados Unidos e em algumas outras partes do mundo”, destacou.
De acordo com ele, a experiência irá ajudar a ampliar o cenário de identificação de mais espécies e poderá ajudar em sua preservação. “Na Paraíba, temos poucos estudos acerca da diversidade de tubarões. Temos um conhecimento muito limitado sobre isso. A gente está utilizando essa metodologia de vídeo remoto subaquático com isca, que é usada no mundo inteiro, para adquirir mais conhecimento sobre a área de vida do tubarão-martelo-panã e de outras espécies. Esses estudos nos ajudam a entender melhor sobre a população da espécie aqui no litoral paraibano. Entendendo melhor sobre a área de vida deles, podemos propor áreas marinhas protegidas que incluam os habitats que contemplem os habitats desse animal”, relatou o oceanógrafo.
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Ao longo das observações, o pesquisador também reforçou o uso da tecnologia que está sendo aplicada como metodologia. “Usamos somente uma caixa com uma estrutura de metal que fica filmando por cerca de duas horas. Jogamos essas caixas em alguns locais, e em profundidades diferentes. Estamos jogando desde os 10m de profundidade até 60m. Com isso, a gente tenta cobrir uma boa área e através dessas filmagens sabemos a preferência de habitat dessas espécies. Já vimos vários tubarões lixas, espécie que é bastante comum em nossa costa”, refletiu.
Confira a seguir o registro feito pelo pesquisador: