Habituar-se às novas tecnologias de produção e enfrentar as adversidades da natureza de modo racional são as principais lições que 31 produtores rurais, que desenvolvem a piscicultura em Coremas, estão aprendendo através do Programa de Organização Produtiva de Comunidades (Produzir). A segunda repicagem dos peixes criados em tanques-rede, realizada na semana passada, pelos produtores integrados ao Programa sob a orientação técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/PB), foi um bom exemplo deste aprendizado.
O processo de seleção dos peixes foi feito em duas comunidades, conforme informou Múcio Monteiro, agente do Senar que atua como interlocutor do Produzir na Paraíba, e o crescimento do pescado, que foi introduzido nos tanques em fevereiro, está atendendo às expectativas do Programa. De acordo com Vera Figueiredo, técnica do Senar, nas localidades de Riacho Fundo e Campo de Aviação, onde a repicagem foi desenvolvida, as tilápias estão pesando em média 60g. Até a despesca, que deve acontecer em meados de julho, os peixes já deverão ter entre 500g e 700g, o peso ideal para a comercialização.
A repicagem é realizada, em média, a cada 15 ou 20 dias. A técnica consiste na separação dos peixes tendo como parâmetros o tamanho e o peso, com o objetivo de manter no mesmo ambiente apenas àqueles com desenvolvimento parecido, reduzindo a competição por ração. “É por meio deste processo que nós fazemos uma ‘leitura’ das necessidades do projeto, calculando, por exemplo, a quantidade de ração necessária para garantir o desenvolvimento natural dos peixes”, explicou o zootecnista Francisco Lemos, técnico da Empasa, que presta serviço ao Senar.
O produtor Antônio Freire, presidente da Associação Comunitária dos Moradores de Riacho Grande, que coordena os 17 trabalhadores envolvidos no Programa nesta localidade, está satisfeito com o acompanhamento técnico. “Agora, nós sabemos trabalhar melhor, dando a comida na medida certa para o peixe e observando os tanques todos os dias”, destacou. A atenção às condições ambientais do criatório é, aliás, uma medida essencial para o bom desempenho da atividade e os produtores realizam esta observação, diariamente, trabalhando em regime de revezamento.
A alta temperatura da água, por exemplo, foi um dos fatores que atrasaram a repicagem em Riacho Grande, segundo os técnicos do Senar. “Além da temperatura, que chegou a mais de 32º em alguns dias, a variação no índice de oxigênio na água, ocasionada pelo período de chuvas, causou um retardamento no desenvolvimento dos peixes. Por isto, a repicagem nesta comunidade foi adiada para o dia 03 de maio”, afirmou Francisco Lemos.
“Este tipo de situação – completou o engenheiro de Pesca, Celso Duarte, que também presta serviço ao Senar, por meio da Empasa – é passível de acontecer e perfeitamente contornável”. Segundo a orientação dele, os produtores deverão intensificar o manejo por meio da limpeza diária das telas que envolvem os tanques-rede e diminuir a densidade de peixes em cada viveiro, com a introdução de dois novos tanques para os quais eles devem ser redistribuídos.
O Produzir é mantido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO) e pelo Ministério da Integração Nacional, tendo o Senar como entidade executora na Paraíba. Em Coremas, o Programa aproveitou a vocação natural do município, desenvolvendo a piscicultura. No procedimento de peixamento, que iniciou
o atual processo, foram depositados 17 mil alevinos nos 14 tanques-redes onde a atividade é desenvolvida.
Perspectivas para os piscicultores do Produzir
De acordo com os técnicos do Senar, responsáveis pelo desenvolvimento da Piscicultura nas comunidades integrantes do Produzir em Coremas, estima-se que um montante de 7.900Kg de peixe seja produzido até o final desta primeira fase do projeto. “Se vendidos por R$ 3,00, preço mínimo do quilo da tilápia in natura, o faturamento para os produtores será de R$ 23.700”, calculou Vera Figueiredo. Segundo ela, os recursos conseguidos com a venda dos peixes deverão ser reaplicados na compra de mais alevinos para que o ciclo comece novamente, fortalecendo a cadeia produtiva.
A grande vantagem do sistema de produção intensiva praticada em tanques-rede é, segundo Celso Duarte, a rapidez do processo que em um período de, no máximo, 180 dias alcança para o produtor a rentabilidade que ele conseguiria em um ano de trabalho. Além disso, por conta do regime de revezamento realizado entre os participantes do programa, cada produtor só trabalha 8h/dia, podendo desenvolver outras atividades remunerativas.
Visita Técnica
No último dia 18 de abril, uma comissão formada por técnicos do Senar e produtores de Coremas que desenvolvem a apicultura através do Produzir visitaram uma estação de produção de alevinos, localizada em uma propriedade particular no município de São Bento. A visita, segundo Múcio Monteiro, teve como finalidade apresentar aos produtores outra experiência de produção, desta vez, na área de piscicultura: a criação em viveiros escavados, os chamados tanques-terra.
Em dois hectares de extensão, a estação abriga 19 tanques-berçário que produzem mais de um milhão de alevinos por mês. “A diferença entre a produção em tanques-rede, desenvolvida pelo Produzir em açudes de Coremas, e em tanques-terra é que o custo de produção da primeira é mais baixo. Além disso, a capacidade de produção em quantidade de peixes é maior nos tanques-redes, que podem abrigar em média 150 alevinos/m3 de água, enquanto o viveiro escavado comporta apenas um alevino/m2 ”, explicou o engenheiro de Pesca, Celso Duarte.
Fonte:
News – Assessoria & Comunicação
Produtores rurais de Coremas desenvolvem piscicultura sob orientação d
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