Paraíba

Produtores de Leite de Itabaiana montam cooperativa de beneficiamento

Cooperativa será uma indústria de pequeno porte e empregará, direta e indiretamente 25 pessoas – além de garantir o sustento das 35 famílias dos produtores rura

Trinta e cinco produtores de leite da região de Itabaiana estão investindo em um negócio para sair da crise, provocada pelo atraso do pagamento do Governo do Estado para quem fornece o produto para o programa “Leite da Paraíba”. O grupo está estruturando uma cooperativa de laticínios, que deverá entrar em funcionamento já a partir do próximo dia 17. A cooperativa, que na verdade será uma indústria de pequeno porte, empregará, direta e indiretamente 25 pessoas – além de garantir o sustento das 35 famílias dos produtores rurais sócios do empreendimento.

Com uma estimativa de produção de três mil litros por dia, os cooperativados fabricarão queijos e bebidas lácteas (como iogurte e achocolatado), além do beneficiamento do leite pasteurizado. Tais produtos serão direcionados, inicialmente, para os mercados de João Pessoa, Campina Grande e Recife. “O estatuto da cooperativa já foi elaborado, temos registradas as atas das reuniões que já foram feitas e, na próxima semana, vamos dar entrada com o pedido de inscrição no CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica)”, contou o produtor Luiz Paes, um dos membros da cooperativa e tesoureiro da Associação dos Produtores de Leite do Vale do Paraíba e do Sindicato de Produtores Rurais de Itabaiana.

Luiz informou, ainda, que as instalações do empreendimento também estão bastante adiantadas, com a construção de um galpão contendo um tanque de resfriamento. Ainda relativa à parte legal do negócio, a estrutura física terá que passar por vistoria da Vigilância Sanitária e do Ministério da Agricultura – para que os produtos recebam o selo de autorização de comercialização.

A cooperativa funcionará na fazenda Lagoa da Cruz, ocupando uma área construída de 100 metros quadrados. O terreno foi cedido pela proprietária em sistema de comodato por um período de 10 anos, sem cobrança de remuneração pelo uso. O capital integralizado do empreendimento é de R$ 100 mil e participam do grupo fornecedores de Pilar, Mogeiro, Salgado de São Félix e Juripiranga, além daqueles de Itabaiana.

Luiz Paes lembrou que essa foi a alternativa vislumbrada pelo grupo para não depender, exclusivamente, do programa do “Leite”. Para se ter idéia, o último pagamento realizado pelo Governo do Estado aos fornecedores foi feito em 15 de abril. “O pior é que continuamos a fornecer o produto porque não temos para onde destinar a produção. Mas, certamente quando a cooperativa entrar em funcionamento, alguns vão sair do programa”, destacou. A lógica, explicada por ele, é que não será vantagem receber pagamento com 46 dias de atraso, se a cooperativa puder pagar com 10 dias pelo leite fornecido.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa), Mário Borba, a instituição dessa cooperativa servirá de exemplo a ser seguido para outras cadeias produtivas, a exemplo da fruticultura e da cana-de-açúcar. “Infelizmente, o que motivou a formação desse negócio foi a má condução do programa do ‘Leite’, que além do atraso no pagamento ainda limita a quantidade de participação por produtor a R$ 2.500,00 semestral, inviabilizando a manutenção da atividade. Mas, tenho esperança que a cooperativa vai suprir essa lacuna e ainda servir de exemplo e inspiração para outros produtores”, observou o dirigente.

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