O prefeito em exercício de João Pessoa, Manoel Júnior, decretou luto oficial de três dias na Capital, pela morte do músico Severino Dias de Oliveira, o maestro Sivuca. O artista – que faleceu às 23h55 desta quinta-feira, no Hospital Memorial São Francisco – era figura sempre requisita em eventos culturais da cidade e foi homenageado, recentemente, pela Prefeitura, que colocou seu nome no Anfiteatro da Praça Manuel Pereira Júnior, no Funcionários II.
Entre as últimas apresentações públicas do músico, acometido por um câncer na laringe, destaca-se o show que fez ao lado da Orquestra de Câmara de João Pessoa, no último dia 29 de junho, no São João da Capital, no Centro Histórico. No último dia 28 de outubro, o prefeito Ricardo Coutinho prestou uma homenagem em vida ao músico, inaugurando o Anfiteatro Sivuca, o Funcionários II. Este ano, a Fundação Cultural de João Pessoa indicou o nome do mestre para o Prêmio Nacional Jorge Amado de Literatura e Arte, edição 2006, dedicado à música popular brasileira, do qual foi finalista. Severino Dias de Oliveira foi condencorado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva e o ministro da Cultura, Gilberto Gil, com a Ordem do Mérito Cultural.
O maestro e a música – O maestro Sivuca não era só um sanfoneiro. Apesar de não ter tido estudo musical, ter aprendido de ouvido, ele compôs partituras para orquestras internacionais em todos os instrumentos. O músico nasceu em 1930, na cidade de Itabaiana (PB). Aos 9 anos de idade já tocava sanfona em casamentos e festas pela região. Aos 15, foi tentar a sorte em um programa de calouros, em Recife (PE), tocando, entre outras, Tico-tico no fubá, de Zequinha de Abreu, música que gravaria anos depois em seu primeiro disco.
Estudou harmonia com o maestro Guerra-Peixe e foi para São Paulo pelas mãos da cantora Carmélia Alves. Trabalhou em dezenas de programas de rádio e integrou o elenco fixo da TV Tupi de 1955 a 1959. Representou o Brasil na Europa, em 1958; morou quatro anos em Paris, de 1960 a 1964 e, em 1965, já estava nos Estados Unidos para compor, como guitarrista, o conjunto de Miriam Makeba, famosa pela gravação de Pata Pata. Com ela viajou pela África, Europa e Ásia.
Voltou ao Brasil em 1975 e gravou o belo Sivuca e Rosinha de Valença. Também compositor de mão cheia, criou clássicos como Feira de Mangaio, juntamente com a esposa Glorinha Gadelha, sucesso na voz de Clara Nunes, e João e Maria, com Chico Buarque. Gravou com os gaitistas Toots Thielmans, Rildo Hora e interpretou Pixinguinha, Luperce Miranda e Bach. Aos 76 anos, Sivuca é um dos mais talentosos músicos em atividade no mundo.
Secom-JP