Política

“Sem parentes importantes”

Artigo de Opinião por Leandro de Carvalho

Leandro de Carvalho

Leandro de Carvalho

Como já disse nos textos anteriores — “Rei Nu”, “Narciso”, “E agora, José?” e “Acorda, amor” — não sou candidato, mas acredito que a Chapa 10 é a melhor opção para a OAB/PB. Em meio a um cenário que pede renovação e compromisso real com a advocacia, a Chapa 10 se apresenta como uma alternativa sólida, transparente e voltada para os interesses da classe. Com Paulo Maia e Luciana Brito à frente, essa chapa traz um projeto que prioriza a valorização dos advogados, a defesa de suas prerrogativas e o fortalecimento de uma OAB acessível e acolhedora.

E o que move este apoio é a convicção de que a OAB/PB precisa de lideranças comprometidas em servir aos advogados, independente de laços políticos ou privilégios. Em tempos onde a imparcialidade e o respeito à classe deveriam ser a norma, a Chapa 10 representa um movimento que busca resgatar esses valores, trazendo de volta uma Ordem que acolhe, valoriza e empodera todos os profissionais, especialmente aqueles que, como diria Belchior, são apenas “rapazes latino-americanos, sem parentes importantes.”

Belchior, com sua voz singular e suas letras repletas de crítica social e introspecção, tornou-se o porta-voz de uma geração que buscava entender seu lugar em um mundo desigual. Em suas músicas, ele transformou em poesia o sentimento de quem vive à margem do poder, desprovido de privilégios e, muitas vezes, de reconhecimento. Para ele, ser “apenas um rapaz latino-americano” significava abraçar essa identidade com todas as suas dificuldades e contradições, desafiando o sistema de quem detém o poder. Frases icônicas como “ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro” e “tudo é dor, e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor” traduzem o sofrimento e a resiliência de quem vive uma luta constante por dignidade e igualdade.

Esse espírito ecoa no célebre verso: “sou apenas um rapaz latino-americano, sem parentes importantes.” A frase reflete o sentimento de quem enfrenta um mundo onde esforço e mérito frequentemente parecem insuficientes para abrir portas já reservadas aos bem relacionados. Imagine um jovem advogado, recém-formado, com o desejo de construir uma carreira sólida, mas que, ao invés de receber apoio, se depara com barreiras e favoritismo. Ele canta Belchior enquanto aguarda, pacientemente, pela sua carteira definitiva da OAB, apenas para ver que, para outros, esse documento chega com mais rapidez, favorecido pela influência de “parentes importantes.”

A criação do evento “acolhimento” na OAB, que supostamente serviria para integrar e valorizar novos advogados, tem sido vista, na prática, como uma ferramenta de autopromoção política. Em um contexto onde a imparcialidade e a justiça deveriam ser as prioridades, o “acolhimento” acabou se tornando um evento adicional, condicionando a entrega das carteiras a uma segunda cerimônia que parece beneficiar mais a imagem do presidente do que os interesses dos jovens advogados.

Enquanto isso, os advogados sem “parentes importantes” aguardam. Deslocam-se de suas cidades, pagam custos extras, dedicam tempo e energia para atender a uma exigência que, na essência, pouco agrega a sua formação ou ao exercício da profissão. A OAB/PB, que deveria ser um espaço de apoio e valorização da classe, parece, em alguns momentos, mais inclinada a reproduzir os mesmos privilégios que diz combater, favorecendo uns em detrimento de muitos.

Esse “acolhimento” torna-se, assim, um reflexo moderno das desigualdades que Belchior denunciava em suas músicas. Um cenário onde alguns recebem favores pela sua posição ou por relações pessoais, enquanto os demais apenas aguardam, observando. E ao ver o próprio filho caçula do presidente Harrison Targino receber tratamento diferenciado, recebendo a inscrição em 6 dias, o jovem advogado paraibano, sem parentes importantes, é lembrado de que, para ele, o caminho é mais longo e cheio de percalços.

Não tenho dúvida, o que os jovens advogados da Paraíba buscam é o respeito e a dignidade de serem tratados com igualdade, sem exigências políticas extras ou burocracias desnecessárias. Talvez, um dia, eles possam finalmente dizer, como quem se libertou das amarras do favoritismo, “não sou apenas um rapaz latino-americano.” E que possam sentir-se como advogados, com o mesmo valor e respeito que qualquer outro, independentemente de laços ou favores.

Por isso, é fundamental apoiar uma nova visão para a OAB/PB, uma gestão comprometida com a igualdade e a valorização genuína de cada advogado, sem distinções ou favorecimentos. A Chapa 10, de Paulo Maia e Luciana Brito, propõe uma Ordem mais justa e verdadeiramente representativa, onde os interesses coletivos prevaleçam sobre os individuais, e onde o acolhimento e a entrega de carteiras sejam atos de respeito e inclusão, não instrumentos de promoção pessoal ou de benefício eleitoral. Vamos juntos construir uma OAB/PB para todos, onde cada jovem advogado possa ter seu lugar, com o valor e a dignidade que merece. Em especial, você que não recebeu sua carteira definitiva da Ordem em 6 dias, vote Chapa 10, no dia 19/11, e faça parte dessa mudança.

 

 

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