Crime

Padre Egídio teria ordenado tesoureira e diretora sacarem R$ 1,5 milhão das contas do Padre Zé para pagar compra de apartamentos em São Paulo

Apartamentos ficam no residencial Atelier Bela Cintra, que fica em São Paulo. Além dos valores do apartamento, o padre também teria mando Amanda e Jannyne pagarem R$ 200 mil para a Gat Engenharia.

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Hospital Padre Zé (Foto: reprodução)

O padre Egídio de Carvalho, ex-diretor presidente do Hospital Padre Zé, teria ordenado que a tesoureira e a diretora da unidade, respectivamente Amanda Duarte e Jannyne Dantas, retirassem R$ 1.570 milhão das contas do hospital para pagar a compra de dois apartamentos em São Paulo. A informação foi trazida nesta quarta-feira (1º) pelo jornalista Clilson Júnior, durante o programa Arapuan Verdade, da Arapuan FM.

Como acompanhado pelo ClickPB, os dois apartamentos ficam no residencial Atelier Bela Cintra, que fica no bairro Jardim América, em São Paulo. Além dos valores do apartamento, o padre também teria mando Amanda e Jannyne pagarem R$ 200 mil para a Gat Engenharia, empresa de construção.

Como noticiado pelo ClickPB, padre Egídio de Carvalho é investigado pelo Ministério Público por desvio de dinheiro e equipamentos eletrônicos doados ao Hospital Padre Zé. Ele teria revertido os valores para benefício próprio.

Além dessas informações, o ClickPB acompanhou que o jornalista Luís Torres informou que este ano o Hospital Padre Zé recebeu duas emendas vindas de vereadores da Capital. Uma no valor de R$ 281 mil e outra de R$ 180 mil.

O hospital também recebeu duas emendas vindas de deputados federais. Uma teve o valor de R$ 442 mil e a outra de R$ 400 mil. Os valores, como notado pelo ClickPB, podem ter sido desviados pelo padre Egídio de Carvalho.

Relembre o caso

O escândalo no Hospital Padre Zé veio à tona no mês passado, após uma denúncia de furto de celulares no local. Os equipamentos haviam sido doados pela Receita Federal para o hospital e deveriam ter sido vendidos em um bazar beneficente para angariar recursos para o hospital.

Porém, os celulares foram furtados e vendidos e as investigações apontam para o envolvimento do Padre Egídio de Carvalho, que era diretor-presidente da unidade, e do ex-funcionário Samuel Segundo.

Em meio ao escândalo do furto dos celulares, o padre Egídio de Carvalho Neto, renunciou ao cargo de presidente do Hospital Padre Zé.  O pedido foi aceito pelo arcebispo Dom Manoel Delson. Padre Egídio estava há mais de cinco anos à frente do hospital, fundado há quase 90 anos. Além de estar na gerência da unidade, ele também atuava como pároco da Igreja Santo Antônio, cargo do qual também renunciou.

Procurada pelo ClickPB para comentar a denúncia, a defesa do padre Egídio de Carvalho não retornou o contato até a publicação desta matéria.

Furto de meio milhão

No dia 2 de outubro, a Justiça autorizou o bloqueio de contas e a quebra de sigilo bancário de Samuel Segundo. O pedido de quebra de sigilo e bloqueio foi feito pela delegada Karina Torres, da Polícia Civil, conforme apurou o ClickPB, e contou com ‘prints’ de conversas de Samuel negociando a venda de iPhones e outros itens.

A delegada apontou que “restou evidenciado, com fulcro na investigação, que Samuel Segundo incorreu no delito de furto qualificado, causando o prejuízo de R$ 525.877,77, referente aos produtos furtados no interior do Hospital Padre Zé”.

Operação do Gaeco

No dia 5 de outubro, o padre Egídio de Carvalho foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão da operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado do Ministério Público do Estado da Paraíba (Gaeco). Conforme apurou o ClickPB com exclusividade, além do pároco outras pessoas da administração do hospital também foram alvos. 

Entre estas pessoas está a diretora administrativa do hospital, Jannyne Dantas e a tesoureira da unidade hospitalar filantrópica, Amanda Duarte. Segundo apurou o ClickPB, na ocasião, a operação tem como objetivo apurar os fatos que indicam possíveis condutas criminosas ocorridas no âmbito do Instituto São José, do Hospital Padre Zé e da Ação Social Arquidiocesana (ASA).

Vinhos e imóveis de luxo

Durante a operação Indignus, do Gaeco, os agentes localizaram ao menos três caixas com vinhos internacionais. Segundo apurou a reportagem do ClickPB, cada caixa teria ao menos seis exemplares da bebida. O que chama atenção é que o vinho, ano 2015, é vendido em média por até R$ 1,660 na internet, com isso os valores de bens apreendidos, apenas em vinhos, pode chegar a quase R$ 30 mil (R$ 29.916). 

Também na operação, o ClickPB observou que imóveis em residenciais e condomínios de luxo eram mantidos com recursos de origem duvidosa pelo Padre Egídio de Carvalho.

De acordo com a força-tarefa, a investigação “aponta para uma absoluta e completa confusão patrimonial entre os bens e valores de propriedade das referidas pessoas jurídicas com um dos investigados, com uma considerável relação de imóveis atribuídos, aparentemente sem forma lícita de custeio, quase todos de elevado padrão, adornados e reformados com produtos de excelentes marcas de valores agregados altos”.

Ostentação e empréstimos

O alto padrão de luxo encontrado nos imóveis de propriedade do Padre Egídio de Carvalho, durante operação Indignus, deixou os agentes do Gaeco e policiais civis surpresos. 

As propriedades contam com projetos de iluminação do ambiente interno com designs futuristas em LED, além de lustres de alto padrão de luxo. Os projetos de iluminação dos ambientes deixaram os representantes da justiça boquiabertos durante as incursões policiais.

Nos imóveis de propriedade do clérigo, os investigadores encontram fogão no valor de R$ 80 mil e 30 cachorros da raça Lulu da Pomerânia, sendo cada animal avaliado em até R$ 15 mil.

Um empréstimo de R$ 13 milhões foi feito pelo padre Egídio de Carvalho em nome do Hospital Padre Zé, em João Pessoa. O valor foi revelado pelo arcebispo da Paraíba, Dom Manoel Delson, e pelo novo diretor, Padre George Batista, durante entrevista à imprensa, como acompanhou o ClickPB.

Conforme as informações repassadas, os empréstimos foram feitos em duas instituições bancárias, um no Santander e outro na Caixa Econômica Federal.

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