Não integrarei a chapa de nenhum dos candidatos à presidência da OAB-PB, mas apoiarei e votarei em Paulo Maia e Luciana Brito. Considerando que o bem da advocacia paraibana é minha principal preocupação, apresentarei neste artigo uma das razões que me levaram a essa escolha.
Na gestão atual da OAB Paraíba, sob a liderança do presidente Harrison Targino, a advocacia parece ter sido relegada a um papel secundário em detrimento de conquistas meramente estruturais e burocráticas. A recente entrega de um auditório e a promessa de uma futura sede incluíram-se os principais marcos de uma administração que, ao preferir focar nas reais necessidades da classe, prioridades feitas que pouco ou nada são voltadas para a valorização e a independência da advocacia.
Essa situação lembra muito um famoso conto do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, “O Rei Está Nu”. A história narra a vaidade de um rei severo, que não admite ser contrariado, até que, em sua cegueira pelo poder e status, é enganado por pessoas que lhe prometem uma roupa magnífica, invisível aos tolos e incompetentes. O rei desfila nu, acreditando estar coberto de glória, até que uma criança, com sua inocência e honestidade, grita: “O rei está nu!”
A gestão de Harrison Targino reflete esse mesmo comportamento. Tal como o rei, que priorizava a aparência e o poder sobre a substância, a OAB-PB parece mais preocupada com a grandiosidade de uma futura sede e a pompa da entrega de um auditório, enquanto os verdadeiros desafios da advocacia – como a defesa das prerrogativas, a luta por melhores condições de trabalho e a aproximação da OAB com a sociedade – ficam à margem. No conto, o rei, ao ouvir a verdade, é exposto em sua fragilidade. Da mesma forma, a advocacia paraibana pode estar se dando conta de que, apesar das aparências, a gestão atual está “nua” em relação às suas responsabilidades essenciais.
Os advogados e advogados da Paraíba não podem ser tratados como simples espectadores de uma administração que parece viver de gestos grandiosos, mas vazios. A OAB não é um prédio, um auditório ou um símbolo de poder. A OAB é uma casa de advocacia, um espaço de luta e defesa intransigente das prerrogativas e de valorização do exercício profissional.
Nas semanas que antecedem a eleição para a presidência da Ordem, pretendo compartilhar aqui mais reflexões em defesa da nossa classe. Embora não seja candidato, seguirei sendo a voz daqueles que menos têm sido atendidos pela atual gestão, os advogados e as advogadas.