Eleições 2024

“Maria, Maria” e a pauta feminina na OAB-PB: muito mais do que adorno

Por Maria Cristina Santiago, Kiu

“Maria, Maria” e a pauta feminina na OAB-PB: muito mais do que adorno

Tenho estado mais afastada deste espaço devido às minhas funções como Juíza no TRE-PB, atuando na classe de Jurista e a serviço da advocacia e da Justiça. Porém, algumas pautas precisam ser enfrentadas durante esta campanha eleitoral, não apenas pelo fato de eu estar concorrendo ao Conselho Federal pela chapa 10, de Paulo Maia e Luciana Brito, mas porque estamos em um momento crucial de debate, que moldará os rumos da próxima gestão da OAB na Paraíba. Entre essas pautas, a discussão sobre a representatividade feminina é uma necessidade inadiável.

Minha trajetória inclui uma luta constante pela inclusão das mulheres nos espaços de liderança da Ordem, e, em um passado não tão distante, busquei ser a primeira mulher a presidir a instituição. Apesar de uma votação expressiva em João Pessoa e Campina Grande, não foi possível. Talvez por ter enfrentado duas chapas adversárias que hoje se unem, ironicamente, contra as mesmas ideias pelos quais sempre batalhei ao longo da minha carreira, especialmente em defesa da causa feminina.

Minha motivação para lutar pela causa das mulheres advogadas vem da necessidade de defesa. Conheço de perto, infelizmente, os abusos e os desafios enfrentados por nós ao longo da carreira. Ser advogada é, sim, muito mais difícil para as mulheres, e é por isso que retorno a este espaço, inspirada pelo companheiro Leandro Carvalho, para lançar luz sobre uma questão que considero essencial e que carrego como compromisso ao longo de toda minha jornada profissional.

No meu sentir, respeitando a opinião de quem acredita no inverso, a pauta feminina na OAB-PB, infelizmente, não tem sido conduzida com o respeito e a profundidade que merece. Em vez de avançar com o protagonismo feminino na advocacia, o atual presidente da OAB-PB utiliza as mulheres advogadas como meros adornos em eventos e fotos, transformando-as em figuras simbólicas, sem representatividade real. A presença das advogadas é cuidadosamente exibida nas redes sociais e nos palanques, mas seu espaço de atuação e poder de decisão continuam limitados, o que levanta uma crítica fundamental sobre a superficialidade com que essa gestão trata o assunto.

A música “Maria, Maria,” de Milton Nascimento e Fernando Brant, oferece uma metáfora poderosa sobre a força e a resiliência das mulheres, destacando que “é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre”. Assim são as mulheres na advocacia, que lidam diariamente com os desafios e barreiras do exercício profissional, especialmente em uma sociedade e em um sistema jurídico que ainda as veem como coadjuvantes.

Porém, quando a gestão da OAB-PB opta por tratá-las como adornos, acaba desvalorizando toda essa força e reduzindo-as a um papel de “decoração institucional.” A Ordem deveria promover e enaltecer a participação feminina de forma significativa, com políticas efetivas que assegurem igualdade de oportunidades e respeito às advogadas, mas essa administração parece preferir uma inclusão fictícia, que se revela vazia ao excluí-las dos espaços de poder e decisão, isso aconteceu com a Diretora Tesoureira Leilane Soares, Vice-Presidente Rafaella Brandão e conselheira Federal Marina Gadelha, da atual gestão.

Essa postura é exemplificada pela ausência de advogadas reconhecidas e comprometidas, como Marina Gadelha, que, com uma trajetória de respeito e experiência na OAB, foi colocada de lado. Mulheres com a fibra de “Maria”, como canta Milton Nascimento, precisam de espaço para liderar, contribuir e questionar, não de serem usadas como peças ilustrativas de um compromisso institucional que, na prática, não se concretiza.

A gestão da pauta feminina na OAB-PB precisa urgentemente de uma mudança de postura. Representatividade feminina vai além de compor mesas e aparecer em fotos; ela significa promover um ambiente onde advogadas possam fazer valer sua voz, exercer influência e contribuir de maneira efetiva com a classe. Ao ignorar essa necessidade, a administração atual priva a OAB de evoluir e de se tornar uma entidade verdadeiramente representativa.

A advocacia paraibana, e especialmente suas advogadas, merece que a OAB-PB abrace de forma genuína a inclusão feminina. Vendo cada “Maria” como uma força transformadora e não como uma figura decorativa. A luta da mulher advogada na Paraíba é real e merece ser tratada com o respeito que vai além de aparências; ela pede uma Ordem que acolha essa força e faça dela um pilar central para a construção de uma advocacia justa, igualitária e inclusiva. Era isso que defendíamos com a nossa candidatura, não minha candidatura, um projeto coletivo, com Kiu.

Assim como a canção lembra que “é preciso ter manha, é preciso ter graça”, é também preciso que a OAB-PB reconheça o valor de suas advogadas, proporcionando-lhes não só visibilidade, mas também voz e poder. Até que isso ocorra, a luta pela verdadeira inclusão feminina na advocacia seguirá sendo um ideal, e a Ordem continuará longe de cumprir seu papel como defensora da equidade e da justiça.

Conclamo, por fim, todas as mulheres advogadas da Paraíba a se unirem em torno da Chapa 10, de Paulo Maia e Luciana Brito, um projeto no qual atesto que a figura da mulher será tratada com o respeito e a dignidade que merecemos. Se Deus permitir, estarei lá, como voz de força e resistência, a serviço da advocacia paraibana, defendendo cada uma de nós, para que possamos exercer nossa profissão com igualdade e sem os obstáculos que ainda enfrentamos.

Esse convite se estende inclusive às colegas que, por qualquer razão, não perceberam as manipulações a que foram submetidas. Acolho-as de braços abertos, para que possamos unir esforços e garantir que situações de desrespeito e exclusão, como as que relatei, não voltem a acontecer em nossa Ordem. Com a Chapa 10, avançaremos juntas, construindo uma OAB que verdadeiramente representa todas nós.

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