Paraíba

Jovens de Cristo: a trajetória do movimento que há vinte anos aproxima

Encontro que completou duas décadas de existência em João Pessoa já é desenvolvido por cerca de 30 paróquias

Eles são jovens e, como tais, levam a vida a mil por hora. Dividem o tempo entre aulas, cursos e trabalho, mas sempre encontram um espaço para reuniões da igreja. Participam juntos de uma missão religiosa e não sentem nenhuma vergonha de falar isso. Como todos dessa faixa etária, vivem cheios de sonhos e anseios. Vão a festas com amigos e familiares, se divertem como podem e não deixam de curtir a vida em momento algum. Assim é a rotina da juventude que participa do Encontro de Jovens com Cristo (EJC).

Quem não o fez, provavelmente conhece alguém que tenha passado pela experiência. O EJC está por todas as partes. Poderia ser visto como mais uma vertente religiosa. Mas, impulsionado pelo entusiasmo juvenil, o Encontro passou a se destacar na sociedade e até chamar a atenção de autoridades. Em 20 de outubro de 2005, por exemplo, a Câmara de Vereadores de João Pessoa realizou uma sessão especial para homenagear todos os jovens pessoenses que, há duas décadas, vem abraçando a missão.

E através dessa caminhada, a igreja tem recebido cada vez mais jovens em seus movimentos, trazendo com eles uma roupagem criativa que há muito não se via em templos religiosos.

História – O primeiro EJC realizado em João Pessoa ocorreu há 20 anos pela Catedral de Nossa Senhora das Neves. Se hoje o movimento ainda enfrenta obstáculos, naquela época foi preciso muita fé e determinação para levar à diante a idéia de aproximar os jovens da igreja.

As experiências vividas ao longo desse tempo, apenas contribuíram para que o trabalho se fortalecesse e gerasse frutos.

Para se ter uma idéia, só na Capital, cerca de 30 paróquias desenvolvem o Encontro, que também vem crescendo em diversos municípios do Estado, inclusive no interior.

De acordo com Isana Clarissa, 26 anos, integrante do grupo dirigente do EJC da paróquia Menino Jesus de Praga, no bairro dos Bancários, é surpreendente a quantidade de pessoas interessadas em participar do movimento. “Todos os anos, quando abrimos as inscrições, a procura é imensa. Já até realizamos um Encontro com cerca de 300 jovens”, disse.

Esse interesse tem uma contribuição importante daqueles que já fazem parte do EJC. Na maioria dos casos, os jovens que buscam o movimento tomaram a decisão após ouvir comentários positivos de quem já viveu o Encontro. Assim, novos integrantes vão surgindo e dando continuidade ao trabalho que, futuramente, também será divulgado por eles.

Troca de idéias – Quem está de fora, muitas vezes tem uma noção equivocada do que acontece em grupos de jovens. Por se tratar de equipes de igreja, são logo vistos como algo monótono e exaustivo, onde pessoas se reúnem para simplesmente rezar e falar de Deus.

Mas quem participa considera as coisas bem diferentes. Em grupos, os jovens têm a oportunidade de compartilhar experiências e crescerem juntos, percebendo que as dificuldades enfrentadas por um deles, às vezes é comum a muitos que ali estão. E, dessa forma, vão se ajudando mutuamente, criando laços de amizades que transformam a equipe numa espécie de segunda família.

Trabalhos sociais – Além dos círculos de debates e espiritualização, o EJC tem um importante comprometimento com o social. Todos os anos, os diversos movimentos espalhados pela Capital paraibana desenvolvem campanhas para ajudar pessoas que necessitam não só de bens materiais, mas também de carinho e atenção.

No EJC dos Bancários, por exemplo, existe a Pastoral da Ronda, que todas as segundas-feiras leva alimento e alegria as famílias da comunidade Santa Bárbara. De acordo com Bruno Jeso, 23 anos, também dirigente do movimento, o trabalho da Ronda teve início com moradores de rua do Centro da cidade, mas logo depois, passou a atender as pessoas que viviam no antigo Lixão do Roger. “Com o fim do Lixão, levamos nossa missão aos moradores de Santa Bárbara. Lá, além de distribuir pão, leite e sopa, fazemos um trabalho de evangelização com pessoas de todas as idades”, explicou.

Como trabalho social, a Ronda não possui fins lucrativos e é sustentada basicamente por doações. Mas Bruno deixa claro que, muito mais que dinheiro, a doação de afeto é primordial. “As pessoas da Comunidade já aguardam a chegada da Pastoral nas segundas. E ficamos felizes por saber que, naquela noite, além de garantir uma refeição a várias famílias, levamos alegria a quem muitas vezes sente falta disso”.

Com esse pensamento, vários grupos costumam organizar visitas a orfanatos e asilos, onde realizam brincadeiras e dinâmicas para motivar pessoas que por muitos são esquecidas. Além disso, o EJC também promove diversas outras pastorais como equipes de canto, oração e teatro, que dão oportunidade aos jovens desenvolverem trabalhos sociais aproveitando suas próprias vocações.

Obstáculos – Abraçar uma causa, primeiramente, requer persistência e força de vontade. Isso é fundamental para a realização de qualquer trabalho. Mas no caso da igreja, é necessária atenção redobrada quando os personagens em questão são os jovens. Diariamente expostos a um leque de oportunidades, preservá-los na caminhada com Cristo parece ser uma missão difícil.

Para Annie Daelma, 20 anos, participante do EJC há oito meses, essa é uma realidade conhecida. Ela chegou a discutir com o ex-namorado porque ele sempre a convidava para sair nos horários de suas reuniões. “Eu falava que não podia, já que tinha os compromissos da igreja. Até que ele perdeu a paciência e disse que daquela forma eu acabaria virando freira”, falou.

Como Annie, diversos jovens do movimento passam por provações e, inevitavelmente, pelo preconceito. Segundo ela, muitos amigos a julgam por dedicar tanto tempo ao trabalho cristão. “Às vezes fico chateada, mas depois esfrio a cabeça, pois gosto muito do que faço e sei que muitos falam por não conhecer o movimento a fundo”, desabafou.

O Encontro de Jovens, em seu propósito principal, tenta resgatar a juventude e redirecioná-la para próximo de Cristo. De acordo com padre Marcondes Meneses, da paróquia de São Francisco, em Mangabeira, isso não implica dizer que eles devem abrir mão da vida que levam para seguir exclusivamente a igreja. “A juventude é uma fase de alegrias e os jovens devem se divertir. O EJC não quer tirar a liberdade de nenhum deles. O importante é ter consciência e caminhar respeitando a ótica cristã”, disse o padre que, juntamente com os jovens do bairro, vem se preparando para, no próximo mês de maio, realizar o segundo Encontro da paróquia.

A presença da juventude trouxe uma maior dinamicidade às igrejas. Desde músicas a encenações, várias tradições religiosas passaram a ser transformadas pela criatividade característica dos jovens.

Com tudo isso, o padre Marcondes não esconde seu entusiasmo e até lembra que muitos jovens chegam sem saber do que o movimento trata, mas quando conhecem de perto o trabalho, se entregam completamente. “Na semana passada, me emocionei quando um rapaz me disse que depois do EJC era um novo homem. È por isso que estamos sempre de portas abertas para receber a juventude, pois, unida, ela pode fazer muita coisa, propagando o bem a todos que precisam”, concluiu.


Alysson Bernardo
ClickPB

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