Com o fim da greve dos motoristas de ônibus de João Pessoa, decretada no fim da manhã desta quinta-feira (30) após uma assembleia na sede do sindicato, a operação deve ser retomada de forma gradual até a manhã desta sexta-feira (31).
Conforme apurou o ClickPB, a informação foi confirmada pelo advogado trabalhista do Sindicato dos Motoristas, Jhonatan Pontes, nesta quinta-feira (30), durante entrevista concedida ao Programa Arapuan Verdade, da Rádio Arapuan FM.
De acordo com o advogado, a categoria aceitou o fim da greve com a condição de não ter os dias de greve descontados no salário pelas empresas e que a orientação do sindicato é de que a operação seja retomada na íntegra a partir de hoje.
“A greve está encerrada, obviamente cada motorista tem sua escala e um dos pontos para aceitar essa proposta era o abono, eles não terão o dia de greve descontados e o dia de hoje está inserido neste acordo. A orientação do sindicato é para que sejam retomados os trabalhos na íntegra a partir de hoje, durante todo o dia, a tarde e a noite, mas acredito que a partir de amanhã pela manhã, 100% da frota vai estar normalizada”, explicou Jhonatan Pontes.
Proposta de 5% de reajuste, acima da inflação, foi aceita por maioria entre motoristas
A proposta de reajuste de 5%, acima da inflação, foi aceita por maioria entre os motoristas. Segundo o advogado, parte dos trabalhadores não aceitaram a proposta.
“Foi encerrada de forma oficial a greve dos motoristas dos transportes rodoviários de João Pessoa. Os trabalhadores estiveram em assembleia, reunidos desde as 10 horas da manhã para avaliar a proposta final apresentada ontem ao Tribunal Regional do Trabalho, uma proposta que teve alguns debates, a ampla maioria dos trabalhadores aceitou após um longo debate e alguns recusaram. Os trabalhadores fizeram um gesto a população de João Pessoa, entenderam neste momento que precisam, de fato, recompor os seus direitos. Há mais de 30 anos não havia uma greve dos motoristas na capital, uma greve histórica, exitosa, pacífica e ordeira, dentro dos princípios da legalidade”, explicou Jhonatan Pontes.
Entenda as reinvindicações dos motoristas
De acordo com Jhonatan Pontes, uma das solicitações da categoria era o retorno do valor do vale alimentação, que em janeiro de 2020, antes da pandemia, era de R$ 600,00, sendo reduzido para R$ 300,00 a partir de março e tendo uma leve alta para R$ 440,00 atualmente. No fim das negociações, os motoristas conseguiram o reajuste para R$ 550,00 somente a partir do mês de julho.
“O sindicato reivindicava um reajuste no vale alimentação que hoje é de R$ 440 reais e um reajuste para um valor exato, retornar aos R$ 600 reais que eram praticados em janeiro de 2020, quando a pandemia começou. A partir de março, esse valor foi reduzido para R$ 300 reais e atualmente estava em R$ 440 reais. Uma das principais reivindicações da categoria era chegar nos R$ 600 reais, que não foi possível, mas o sindicato cedeu e flexibilizou para chegar em R$ 550 reais no vale alimentação, dentre outras questões. Os trabalhadores reunidos apontaram para o fim da greve e acabaram aceitando a proposta apresentada”, destacou o advogado.
Reajuste acima da inflação
O reajuste que a categoria conquistou foi de 5% a partir do dia 1 de janeiro, que é a data base da categoria. Anteriormente, os motoristas solicitaram 15% de aumento, mas que não foi aceito pelas empresas, que ofereceram, de forma inicial, apenas 3% de reajuste salário.
Segundo o advogado, o reajuste de 5% está acima da inflação, que foi de 4,8% no ano passado, considerando um ganho real para os motoristas.
“O principal ponto foi o reajuste linear de 5% sobre o salário atual e sobre todos os benefícios econômicos, 5% de reajuste concedido a partir do dia 1 de janeiro, data base da categoria, uma conquista. A categoria pediu um pouco mais, o sindicato patronal iniciou o debate com bem menos, levando em consideração que a inflação acumulada no período de 2024, foi em torno de 4,8%, a categoria teve um ganho real acima da inflação e eles aceitaram esse reajuste, bem como o vale alimentação. Estes eram os principais pontos que eram mais controvertidos”, explicou.
Motoristas imunes de punições teria sido condição apresentada para o fim da greve
Por fim, Jhonatan Pontes explicou ainda que uma condição que determinou pelo fim da greve da categoria foi a isenção de serem punidos pelas empresas referente aos dias de protesto e reforçou a reivindicação dos motoristas.
“Uma condição imprescindível que o sindicato dos motoristas apresentou para aceitar a proposta. Eles não serão punidos, mas não vamos admitir nenhum tipo de retaliação do exercício legítimo, que é o direito constitucional à greve. Para a população ficar consciente e entender o lado dos motoristas: eles não estavam lutando por questões impossíveis ou ganância, mas uma recomposição, tentar recuperar um direito que foi suprimido desde janeiro de 2020”, finalizou o advogado.
Greve de quatro dias começou na segunda-feira
Os motoristas de ônibus de João Pessoa e região metropolitana decidiram deflagrar greve no último dia 21 de janeiro, a partir da segunda-feira (27). A categoria esteve reunida também na terça-feira (21) com representantes das empresas de ônibus em uma mesa de negociação, na Delegacia Regional do Trabalho, para discutir aumento de salário e outros benefícios.
Após o anúncio da deflagração da greve, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de
Passageiros no Município de João Pessoa (Sintur-JP) acionou de imediato o Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região.
A desembargadora Herminegilda Leite Machado, do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região, negou na quarta-feira (23) o pedido de liminar para impedir a realização de greve dos motoristas de ônibus em João Pessoa. De acordo com a decisão, que o ClickPB teve acesso, o Sintur-JP acionou a justiça contra o Sindicato dos Motoristas com objetivo de declarar a ilegalidade do movimento grevista.