Em sua 10ª edição, a tradicional montagem teatral que conta a história da ‘Paixão de Cristo’, este ano irá marcar um dos pontos altos da Semana Santa com o ritmo do cordel, “Cordel da Paixão de Deus”. O texto, “Uma Paixão de Cristo em Versos de Cordel”, é do dramaturgo paraibano Tarcísio Pereira, em um espetáculo promovido pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), direção de Duílio Costa e elenco local.
Segundo o autor, a proposta é realizar uma grande obra popular ao ar livre. Aproveitando-se da apropriação do rico universo da cultura oral, que tradicionalmente povoa o cotidiano da população nordestina. Uma tentativa de recuperar a tradição do cordel e do teatro rimado, com uma leitura de fácil compreensão para a maioria das pessoas. Mas para isso, o texto de Tarcísio se vale de toda a riqueza estrutural que oferece o cordel, construído com uma riqueza métrica que explora a musicalidade. Os versos oscilam entre sétimas e oitavas sílabas em cada verso. Passando por quadras, quintilhas e sextilhas. Algumas cantos e ladainhas foram incluídos pelo diretor, a fim de melhor contextualizar a história na temática religiosa.
“Pensei em primeiro lugar, em contar uma versão de uma forma que as pessoas pudessem entender melhor a história de Jesus. Imaginei que a história da paixão e morte de Jesus Cristo é uma história que a gente conhece por cima. As pessoas não lêem a Bíblia, as pessoas sabem o que é dito normalmente, mas entender o que está por trás, qual o cunho político da condenação de Jesus Cristo, as pessoas não entendem. Quando eu escrevi o cordel, eu pensei que talvez a força do cordel, pudesse ajudar a explicar isso. E é o que eu estou esperando que aconteça no espetáculo”, explica Tarcísio.
Em relação à polêmica criada em torno de um possível beijo na boca entre Jesus e Judas, Tarcísio esclarece que essa passagem não existe em seu texto, e segundo Duílio Cunha lhe esclareceu, “é apenas fofoca”. Essa história teria surgido durante os ensaios e a fonte não foi identificada, mas é provável que a origem seja uma passagem que está na página 51 do texto original, em formato de cordel, onde é narrado o seguinte trecho: “Todos ficam esperando. Judas se aproxima de Jesus, que está entre os onze discípulos, e aplica-lhe um beijo na face”.
Tarcísio Pereira, que disse não querer entrar nessa polêmica, acredita que o importante é destacar o resgate da literatura de cordel, contrariando as expectativas daqueles que chegaram até a classificá-la como subliteratura. Hoje, o cordel já freqüenta os mais diversos ambientes sem a menor cerimônia, até mesmo os acadêmicos, as universidades. “Acho que o meu espetáculo é uma dessas tentativas de resgate”, explica o dramaturgo.
Que finaliza lembrando o fato do seu texto, o “Cordel da Paixão de Deus”, ter sido escrito após um mergulho nas narrativas dos quatro evangelistas – Mateus, Marcos, Lucas, João – que nesse caso são transformados em cordelistas. As cenas vão acontecendo conforme as cenas são descritas nos evangelhos.
Nesta quarta-feira (12) à noite, será realizado o último ensaio geral do espetáculo, quando a montagem será apresentada à imprensa. Na ocasião, serão executados os últimos ajustes para a estréia, na quinta-feira (13), às 20 horas.
Serviço
Cordel da Paixão de Cristo
Praça Dom Adauto, Centro (em frente à Igreja do Carmo)
Quinta-feira (13) – 20h
Sexta-feira (14) – 20h e 22h
Sábado (15) – 19h e 21h
Domingo (16) – 19h e 21h
Entrada Gratuita
Lilla Ferreira
Clickpb
Funjope promove espetáculo da Paixão de Cristo em versos de cordel a p
Dramaturgo Tarcísio Pereira fala sobre o texto, escrito em ritmo de cordel, e esclarece polêmica em torno da cena do beijo entre Jesus e Judas
Paraíba
Paraíba
Paraíba
Paraíba
Paraíba