O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, atacou na sexta-feira os planos para o setor energético e de combate à pobreza na América Latina defendidos pelo presidente dos EUA, George W. Bush.
As declarações foram dadas no momento em que os dois adversários ideológicos começavam a percorrer vários países da região.
"Ele (Bush) é um símbolo da dominação e nós somos um grito de rebeldia contra a dominação. Eles estão tentando enganar nosso povo e nos dividir", afirmou Chávez a repórteres antes de reunir-se com o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, um político de esquerda.
Chávez, principal adversário do governo norte-americano na região, pretende liderar milhares de manifestantes em um comício a ser realizado na sexta-feira à noite, em Buenos Aires, no momento em que Bush desembarca no vizinho Uruguai.
O presidente venezuelano dará prosseguimento a sua viagem chegando no sábado à Bolívia, país para o qual prometeu enviar milhões de dólares em ajuda devido às enchentes sofridas recentemente. O presidente boliviano, Evo Morales, é um dos maiores aliados de Chávez.
Bush, que visita o Brasil, primeira perna de seu giro pela América Latina, viu-se acompanhado por violentos protestos de rua, viaja tentando selar novas alianças. O presidente passará também pela Colômbia, a Guatemala e o México depois da visita de final de semana ao Uruguai.
A viagem de Bush vem sendo considerada por muitos uma tentativa de brecar a crescente influência de Chávez na região, onde é forte o sentimento de repulsa aos norte-americanos.
IRRACIONAIS E ANTIÉTICOS
Segundo Chávez, os esforços do dirigente dos EUA para incentivar a produção de etanol no Brasil e em outros países latino-americanos seriam "irracionais e antiéticos."
Bush defendeu a cooperação com o Brasil na produção de etanol com o objetivo de ampliar o mercado exportador do biocombustível e reduzir a dependência norte-americana em relação ao petróleo, algo que poderia contrabalançar o peso dos petrodólares gastos pelo dirigente venezuelano na região.
Chávez afirmou ainda que os planos de combate à pobreza na América Latina apresentados por Bush seriam algo como "um lobo vestido na pele de cordeiro" e ridicularizou o programa de 75 milhões de dólares do líder norte-americano para ajudar jovens da região a aprenderem inglês e a estudarem nos EUA.
"Não precisamos de esmolas do império," disse Chávez a um canal de TV da Argentina.
Reuters