Após uma série de tentativas acerca da nova reestruturação do Banco do Brasil, com o aval do Ministro da Economia, Paulo Guedes, a empresa passará nos próximos meses por um processo de fechamento de agências e demissões de trabalhadores. As medidas geraram críticas de parlamentares e resistência por parte dos funcionários. Atos em todo o país também foram registrados após o anuncio do plano. Segundo informações obtidas pelo ClickPB, as mudanças nas agências acontecem a partir do dia 22 de fevereiro e serão precedidas de comunicação aos clientes dessas agências via SMS, aplicativos, Internet Banking, terminais de autoatendimento, além de correspondências e cartazes nas agências.
O Banco do Brasil informou que pretende fechar 112 agências, 242 Postos de Atendimento (PA) e 7 escritórios, transformar 243 agências em Postos de Atendimento e 8 PAs em agências, relocalizar 85 unidades de negócios para locais com compartilhamento de espaço, além de implantar o Programa de Desligamento Extraordinário (PDE) com a demissão de 5 mil trabalhadores.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Lindonjhonson Almeida, diversas ações estão sendo tomadas para impedir a reestruturação. Segundo ele, haverá mobilizações locais e nacionais para pressionar os parlamentares e dialogar com a sociedade acerca das consequências dessa reestruturação na vida da população. “A diminuição de caixas executivos e o fechamento de agências significa precarizar ainda mais o atendimento ao povo. Essa luta não é uma luta corporativa, mas uma luta de toda a sociedade. Já imaginaram como teria sido atravessar esses meses todos de pandemia sem ter o atendimento do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal? Seria um caos total, pois banco privado não atende clientes de baixa renda. Então, estamos na luta em defesa dos bancos públicos”, destacou.
Na Paraíba, atualmente, apenas 67 agências funcionam, juntamente com 36 postos de atendimentos (PAAs). O banco não revela quantas agências serão fechadas no estado, mas segundo os próprios funcionários, a previsão é que os locais encerrados sejam: a agência Parque Solon de Lucena, localizada no bairro de Tambiá e a agência do Jardim Cidade Universitária, ambas em João Pessoa. Já em Campina Grande, a agência Jardim Paulistano, na Avenida Assis Chateaubriand.
Uma carta direcionada aos deputados e senadores foi enviada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-Cut) e outras entidades para pressionar os parlamentares na tentativa de impedir o fechamento de agências e o desligamento dos funcionários. “As entidades presentes entenderam que o Congresso Nacional, representante da vontade popular, poderá ter um papel decisivo no sentido de impedir que sigam em frente os planos de fechamento de unidades do Banco do Brasil e de extinção de 5 mil vagas no quadro de pessoal da empresa”, diz trecho do documento. (Leia na íntegra aqui)
Esse plano não é recente e já vinha sendo defendido pelo Paulo Guedes que, em reunião no Palácio do Planalto em maio de 2020, revelou seu desejo pela privatização da estatal. “BNDES e Caixa, que são nossos, públicos, a gente faz o que quer. Banco do Brasil a gente não consegue fazer nada e tem um liberal lá. Então tem que vender essa porra logo”, afirmou em reunião ministerial do dia 22 de abril. A fala está em vídeo gravado pelo Planalto e tornado público pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
De acordo com o banco, desde 2016, a quantidade de transações em guichês de caixa no BB reduziu 42%, enquanto o uso do mobile praticamente dobrou no mesmo período e já responde por 86% das transações, junto com o internet banking. Desde abril, o App do BB ganhou mais 4,7 milhões de usuários, totalizando 19,4 milhões, com uma média diária de crescimento 273% maior do que o período anterior à pandemia. O atendimento pelo WhatsApp também registrou crescimento expressivo chegando a quase 600 mil atendimentos por dia.
Se conseguirem concretizar o plano, o impacto financeiro na economia líquida anual estimada com despesas administrativas gerada por estes movimentos, exceto o impacto dos planos de desligamento incentivado voluntário, é de R$ 353 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhão até 2025. O número final de adesões aos planos de desligamento, assim como o respectivo impacto financeiro, serão informados ao mercado após o encerramento dos períodos de adesão, que ocorrerá até 5 de fevereiro.
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